Lagarta já foi a principal preocupação dos agricultores do estado, causando prejuízos bilionários, mas nesta safra o inseto está controlado
Fernanda Farias | Luís Eduardo Magalhães (BA)
A lagarta Helicoverpa armigera, que há três safras causou prejuízos bilionários para os produtores de soja da Bahia, deve ficar sob controle neste ano. A área cultivada com a tecnologia Bt, que tem resistência contra a lagarta, dobrou no estado. Neste momento, a preocupação é com outra lagarta, a elasmo.
O clima seco e quente aumentou o aparecimento de lagartas nas lavouras de soja da Bahia. Visitamos uma fazenda com 15 mil hectares da cultura e cerca de 40% da área foi afetada em função da praga.
– Acabou reduzindo o estande da planta, isso vai resultar em uma redução de produtividade lá na frente. A gente estima que, em termos de população de plantas, ela reduziu em torno de 10% – avalia o agrônomo Nedi Mattioni.
– A elasmo sempre foi um problema muito sério aqui na região. Só que neste ano especialmente ela se tornou ainda mais grave em função da falta de chuvas em outubro, novembro e dezembro. Quando ocorre um clima bastante quente, com poucas chuvas e solo arenoso, essa praga se torna a número um – comenta o diretor da Fundação Bahia Celito Breda.
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Por outro lado, a sempre temida Helicoverpa armigera não trouxe danos mais severos, o ataque dela foi somente quando a planta ainda não tinha vagens. A expectativa é que ela se mantenha sob controle. A área cultivada com a tecnologia Bt, ou RR2, já está em mais de 80% da área plantada da Bahia, 1,3 milhão de hectares.
O produtor Luiz Gatto aumentou a aposta na tecnologia. Na última safra, dos 20 mil hectares de soja plantados, nove mil foram cultivados com a semente Bt. Agora, são 15 mil hectares.
Para o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Júlio Cezar Busato, o custo da tecnologia compensa, já que o gasto médio nas lavouras tem ficado em torno de US$ 830 por hectare.
As variedades estão produzindo bem e tem o controle dessa lagarta [helicoverpa], que é muito destrutiva. Além de não usar inseticidas, dá uma segurança maior para o produtor – analisa.
Uma preocupação do dirigente é a durabilidade da tecnologia. Como a elaboração de uma portaria que obriga o produtor a fazer refúgio ainda está em discussão no Ministério da Agricultura, nem todos reservam parta da área para fazer o cultivo com a semente convencional.
– A ideia é que as empresas também participem desta discussão. Porque existe um problema muito serio de fiscalização. O governo não tem as pessoas pra fazer como deveria ser. Então eu acho que temos que conscientizar os produtores e contamos com a participação das empresas – sugere Busato.
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