Custos com frete na região podem cair até 30% com a implementação do novo trajeto para escoamento da safra
Manaíra Lacerda | Nova Xavantina (MT)
A construção de uma hidrovia para escoar a safra de grãos é um sonho antigo dos produtores de Nova Xavantina, em Mato Grosso. A obra depende de recursos do governo federal e, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado (Aprosoja-MT), o projeto começa a caminha. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) contratou um estudo de viabilidade técnica, que deve ficar pronto até março.
A proposta da Hidrovia Tocantins-Araguaia é que seja construído um porto em Nova Xavantina, às margens do Rio das Mortes, que vai escoar a safra até Belém, no Pará, pelo Rio Araguaia. No total, são mais de 2200 km. O setor produtivo pediu ao governo que seja prioridade a primeira parte do trajeto, de 1300 km, ligando o município até Xambioá, no Tocantins. De lá, as cargas se deslocariam cerca de 130 km por rodovias até chegar à Ferrovia Norte-Sul, transportando os grãos até os portos do Maranhão: Ponta da Madeira e Itaqui.
– Hoje fazemos todo o transporte no sentido Sul, para Santos, Paranaguá (PR) e Espírito Santo. É um problema de logística complicado para nós, um alto custo. Eu acredito que nós temos aqui [na região] de 10 a 12 milhões de sacas de soja e essa hidrovia pode beneficiar cinco estados: Mato Grosso, Pará, Maranhão, Tocantins e Goiás – avalia o coordenador de Logística da Aprosoja-MT no município, Artemio Antonini.
A associação dos produtores acredita que o escoamento da safra pela hidrovia reduzirá em até 30% os custos com frete na região. Na ponta do lápis, isso significa quase R$ 15 a menos por saca de soja.
O presidente da Aprosoja-MT, Endrigo Dalcin, que também preside o Sindicato Rural do município, participou da passagem da Caravana Soja Brasil por lá. Dalcin, em conversa com os produtores, disse que a hidrovia deve começam a funcionar em meados de 2020.
– Este ano vai ser decisivo. As licenças ficam prontas, as autorizações estão no Congresso. Nós estamos agora nos organizando para preparar a documentação, os estudos, para que a gente possa, em um horizonte de quatro a cinco anos, ver esta hidrovia funcionando – projeta o presidente da Aprosoja-MT.
O prefeito de Nova Xavantina, João Batista Vaz, assegurou que a cidade está preparada para receber um projeto de grandes dimensões.
– Já compramos a área e já destinamos com um estudo da viabilidade ambiental deste projeto, que já está disponível para a Aprosoja, Dnit e o Ministério dos Transportes. O maior problema mesmo é a questão ambiental, nós temos problemas ambientais a serem resolvidos. É possível a realização da hidrovia – aponta Vaz.
Os agricultores que participaram da Caravana Soja Brasil foram unânimes em afirmar que a hidrovia vai aumentar a margem de lucro do produtor da região.
– Nós precisamos de um meio de transporte que seja mais eficiente, para nós conseguirmos ganhar um dinheiro aqui. O dia que sair isso aqui pra nós é um sonho – comemora o sojicultor Vitor Mantelli.
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