Respondendo por escrito a um extenso questionário que recebeu do senador Richard Lugar, do Partido Republicano, Hillary disse considerar “importante que os produtores de biocombustíveis norte-americanos não sejam prejudicados por esforços para ampliar a cooperação EUA-Brasil” e defendeu a participação de sindicatos, ambientalistas e associações empresariais nas discussões entre os dois governos.
O Brasil e os EUA firmaram em março de 2007 um acordo para promover o uso de biocombustíveis como o etanol nos dois países e na América Latina. O acordo foi assinado numa visita do presidente George W. Bush ao Brasil, quando ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o apresentaram como um marco no diálogo entre os dois países.
Mas os resultados alcançados até agora foram pouco significativos, em parte porque barreiras tarifárias impostas pelos EUA encarecem a importação do etanol produzido no Brasil, que é muito mais competitivo do que os EUA nessa área. O governo Bush defendeu várias vezes a eliminação dessas barreiras, mas seus apelos foram ignorados no Congresso, que tem a última palavra nesse assunto.
Grupos ambientalistas que terão influência no governo Obama são críticos da atual política americana, que gasta bilhões de dólares para subsidiar a produção doméstica de etanol de milho. Mas também é comum nesses grupos a visão de que a expansão do etanol no Brasil, onde o combustível é feito de cana, contribui para o desmatamento na Amazônia, idéia que o governo brasileiro tem combatido com determinação.
As respostas de Hillary ao questionário de Lugar sugerem que os EUA irão encaminhar essas discussões de forma diferente. Segundo Hillary, o governo americano quer assegurar que a cooperação entre o Brasil e os EUA seja “conduzida de maneira ambientalmente sustentável” e contribua para “ampliar o mercado para indústrias e produtores de energia verde dos EUA”.
Na audiência pública em que foi sabatinada pelos senadores na terça-feira, Hillary não disse uma palavra sobre o assunto. Mas ela indicou que pretende participar ativamente de discussões sobre segurança energética e disse que Obama proporá uma “nova parceria energética das Américas”, que incluiria o “compartilhamento de tecnologias” e apoio para o desenvolvimento de fontes de energia renováveis.
O acordo de cooperação que o Brasil e os EUA assinaram em 2007 previa esforços para promover investimentos em países pobres do Caribe, que até hoje não se concretizaram, e maior colaboração em pesquisas científicas. A Petrobras e o Laboratório Nacional de Energias Renováveis do governo americano assinaram em novembro um acordo que no futuro poderá levar a projetos de cooperação técnica.