Frutas como a uva e a goiaba devem ficar mais caras em São Paulo na próxima safra por causa de perdas causadas por uma chuva de granizo no último final de semana em Jundiaí, uma das principais regiões produtoras do estado.
Na propriedade do agricultor Roberto Losqui, a chuva prejudicou quase todos os produtos. “Começou a chover e, junto com a chuva, começou a vir algumas pedras. Achei que viesse pouca coisa, mas daí começou a intensificar, começou uma fase de pedras muito grandes, para um pouquinho, voltou, outra fase de pedra miúda”, disse
Das seis culturas que o produtor mantém, a goiaba foi a mais afetada por estar às vésperas de mais uma safra. Segundo o produtor, as que sobraram não servem para o mercado e a perda é de 100%. “Isso é ruim porque nossos compradores vão ter que buscar outras fontes e, na hora que a gente voltar para fruta, nós teremos problema para eles voltarem a comprar com a gente. É um problema sério”, lamentou.
Das culturas da região, as parreiras foram as mais atingidas pelo temporal. Em uma das propriedades, que mantém 80 mil pés, a metade ficou com galos e cachos com sinal de necrose.
Segundo a secretária de cultura de Jundiaí, Valéria Silveira de Oliveira, a prefeitura tem dado apoio com uma equipe técnica para ajudar os produtores. “Os técnicos podem ir até a propriedade e avaliar o que é possível ser feito”, disse, garantindo que existe um subsídio rural para esses produtores se reerguerem.
Prejuízos
O produtor de frutas Moacir Maggi lamenta a destruição causada pela chuva, justamente na época em que iria vender a uva de seu pomar. “A chuva machuca os grãos, o galho e ele acaba caindo. A planta não consegue produzir mais por causa das feridas e isso é ruim, pois a gente luta o ano inteiro pra colher nas festas, que é a melhor época de se vender a uva, e neste ano eu não vou ter essa safra”, disse.
Desde segunda-feira é possível encontrar funcionários de seguradoras agrícolas percorrendo os pomares de Jundiaí. No caso de Moacir, apenas o custeio da safra deve ser recuperado e a uva para vender e equilibrar o caixa virá apenas em 2017. “Nossa ideia é derrubar tudo isso que está assim, cuidar do galho até no começo de dezembro e fazer a nova poda para tentar tirar um pouco do prejuízo”, disse o produtor, que afirma ainda que uva naquele espaço só em maio.
Alta nos preços
O engenheiro agrônomo Ronaldo Farias avalia que o preço das frutas deve subir no final do ano por causa da falta de oferta. Neste caso, a velha máxima da oferta e procura deverá impactar diretamente no bolso do consumidor. “Pouca fruta e muito caro”, resumiu o especialista.