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Melão nobre da Embrapa promete alta lucratividade

Fruta é alternativa para produtores do Cerrado, podendo gerar renda extra e ajudar no combate a pragas e doenças em culturas já existentes, como as de tomate e pimentão

Fonte: Embrapa/divulgação

O cultivo de melão nobre é uma alternativa para produtores de hortaliças do Cerrado. Com valor agregado elevado e consumo em alta, a fruta pode gerar renda extra e ajudar no combate a pragas e doenças em culturas já existentes, como tomate e pimentão.

Variedades de melão nobre, como o cantaloupe rendilhado, chegam a custar até R$ 8 o quilo. Brasília é o segundo maior consumidor per capita da fruta no país. As 300 toneladas comercializadas por mês no Distrito Federal vêm do Nordeste, porque não existe produção local. No entanto, a Embrapa Hortaliças desenvolveu uma pesquisa que comprova a viabilidade técnica e econômica do cultivo na região e quer incentivar os agricultores a investirem na variedade. 

Os experimentos foram conduzidos com cinco variedades diferentes de melão: uma experimental e quatro comerciais, que podem ser adquiridas pelos produtores com interesse em investir na cultura.

O aproveitamento de estufas já utilizadas para tomate e pimentão, plantios comuns no Distrito Federal, é a melhor opção – a produtividade do melão em cultivo protegido é de 70 toneladas por hectare, quase três vezes maior do que em campo aberto, com garantia de retorno do investimento feito em irrigação, vasos e substratos utilizados.

Os pesquisador da Embrapa Alexandre Morais afirma que tomate e pimentão, por serem da mesma família, a das solanáceas, possuem muitas doenças em comum. “Se você adicionasse nesse sistema uma cucurbitácea, (como) o melão, quebraria o ciclo de doenças e favoreceria a rotação das culturas”, diz.

Outra vantagem do melão é que ele apresenta custos mais baixos do que o dos produtos tradicionalmente cultivados em estufa na região. De acordo com Raphael Melo, também pesquisador da Embrapa, enquanto o custo do pimentão se aproxima de R$ 100 mil na região, o gasto inicial para o melão está ao redor de R$ 30 mil. 

“E o melão tem um ciclo muito curto, então a resposta de lucratividade de retorno para o produtor é melhor, pois em 90 dia começa a colher”, afirma. O pesquisador lembra também que o melão nobre é um produto de maior valor agregado e que o agricultor pode escolher a melhor época para colocá-lo no mercado. “O primeiro semestre, que é entressafra do Nordeste, é quando ele vai encontrar melhores preços”, diz Melo.

Os custos para transporte também seriam reduzidos com a eventual produção local. De acordo com Alexandre Morais, o melão nobre que chega ao Distrito Federal vem todo do Rio Grande do Norte, por isso tem baixo tempo de prateleira. “Seria outra oportunidade paro o produtor local, porque ele estaria produzindo aqui e entregando aqui. Você conseguiria entregar um produto fresco, de melhor qualidade”, afirma o pesquisador.

O sistema de cultivo indicado para o melão nobre é o semi-hidropônico, que economiza água e melhora o aproveitamento de nutrientes para o rendimento correto da planta com a fertirrigação. O sistema de irrigação utilizado na pesquisa é o localizado por gotejamento. De acordo com Marcos Braga, da Embrapa, o sistema envia dois litros de água por hora para cada planta. A água em excesso é drenada e volta a circular pelo sistema. “A planta absorve mais nutrientes e economiza água porque não evapora. A maioria dos produtores do Distrito Federal usa água em excesso, estamos em período de crise hídrica e é sistema muito adequado para esse momento”, diz Braga. 

De acordo com o presidente do Sindicato dos Floricultores, Fruticultores e Horticultores do Distrito Federal (Sindifhort), Ely Martins, que conheceu o experimento, o agricultor precisa de alternativas para as variações de mercado e para a rotação de culturas. Ele ficou satisfeito com o resultados técnicos da pesquisa, mas alerta que é preciso analisar a viabilidade do cultivo do melão nobre. 

“A pesquisa está fazendo a parte dela. Mas montar uma estrutura dessa a nível de produtor é difícil. Tem que ver qual a rentabilidade para tentar fazer desse tipo ou similar a isso, porque tem que ver quanto rende por metro quadrado, por estufa, para saber se é rentável na região”, afirma Martins.

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