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Pesquisadores criam abacaxi sem espinhos nas folhas

Nova variedade também é resistente a principal doença da cultura, a Fusariose. Além de possuir mais polpa e ser mais doce

Depois da melancia, uvas, tangerinas sem sementes e mangas sem fiapos, os pesquisadores criaram agora um abacaxi sem espinhos nas folhas, para ajudar os produtores no manejo da fruta. Mas, esta não foi a única melhoria criada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), para o abacaxi nomeado como “Vitória”. A nova variedade também é resistente a uma doença de difícil controle, a Fusariose. Sem falar que possui mais polpa e é mais doce.

A ideia inicial era criar um abacaxi com resistência a Fusariose, doença causada por um fungo e que ataca a planta e apodrece parte do fruto. Para os agricultores desse tipo de cultura, a doença é uma preocupação, principalmente, porque é ela a responsável por aproximadamente 40% das perdas de produção comercializadas no Brasil. “No Espírito Santo, o abacaxi é cultivado por agricultores familiares. A melhor estratégia era trabalhar com o melhoramento genético. No caso, desenvolver novas variedades que fossem resistentes à doença”, justifica o pesquisador  da Incapar, José Aires Ventura.

Ventura conta que a nova versão da fruta, criada em parceria com Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), não tem espinhos nas folhas, o que facilita os tratos culturais e ajuda o agricultor a organizar o plantio. Além disso, a polpa branca é de 15% a 18% mais doce do que os abacaxis convencionais, como o Pérola. “Ele está dentro do padrão exigido pelo mercado consumidor. Os frutos têm aproximadamente 1,4 kg, miolo pequeno, ou seja, tem mais polpa e é extremamente doce, com um equilíbrio de acidez muito bom”, destaca o pesquisador.

Em Corda do Mutunzim, no município de Boa Esperança, o agricultor familiar Joel Mardegan, de 43 anos, conseguiu colher bons frutos da nova variedade. Plantou três mil mudas da planta na primeira tentativa. Na segunda, ao ver o sucesso do resultado, aumentou o número para 10 mil. O aumento da produção, em conjunto com as outras culturas já plantadas na propriedade, gerou a necessidade de um sistema de irrigação maior. “Eu trabalhava com o Pérola, mas a produção diminuiu muito e descobri o abacaxi Vitória. Foi muito bom porque além de comercializar na feira, também vendi por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), e ainda no atacado”, conta ele. 

Em 2017, pesquisas realizadas pelo Incaper mostraram que o lucro do agricultor com o Vitória é 274% maior ao obtido com o cultivo do tipo Pérola. Cultivada em fileira dupla, a planta também alcançou lucro 251% superior ao do cultivo do Smooth Cayenne, outra variedade cultivada da fruta. Ventura explica que em um hectare cabem cerca de 52 mil pés da planta e, por ter muitas vantagens, a variedade começou a ser também plantada por grandes produtores.

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