Produtores de maracujá do Distrito Federal conseguem uma produtividade até sete vezes maior do que a média nacional. Para chegar lá, a chave do sucesso está na polinização manual das frutas.
Essa é a técnica utilizada pelos agricultores José Landim e João Oliveira, parceiros há um ano na produção de maracujá. Na área de um hectare e meio, os dois plantam três variedades da fruta e conseguem colher até 80 toneladas por hectare, quase sete vezes mais que a média nacional de 12 toneladas por hectare. O segredo para colher tanto está no cuidado com o pomar, do começo ao fim do ciclo.
“Você não pode perder a florada. Se deixar de polinizar, vai deixar de produzir. Tem gente que fala que o maracujá dá 12 toneladas por hectare, mas deixa sem polinizar. Você gastou com implantação, irrigação, adubação. Por que deixar de fazer polinização para produzir tão pouco?”, pergunta Landim.
O pesquisador da Embrapa Fábio Faleiro explica que a polinização do maracujá é diferente de outras plantas. Por isso é importante investir em mão de obra: “Para haver o vingamento da flor e do fruto, é necessário ocorrer a polinização cruzada. O que é isso? É necessário que o pólen de uma planta seja levado até a estrutura feminina de uma outra flor, de uma outra planta. Isso pode ser feito por meio dos polinizadores naturais, por exemplo a magangava, ou pode ser feito por meio da polinização manual, que é o que os produtores tecnificados de maracujá utilizam”.
Segundo o pesquisador, pomares pequenos, perto de matas, têm uma eficiência da polinização natural muito alta. “Agora, quando você tem pomares maiores, a quantidade de flor é muito grande para a pequena quantidade de inseto que possa fazer essa polinização natural. Então o produtor tem que complementar. Vai gastar duas, três pessoas por hectare”, diz Faleiro.
O pesquisador recomenda também que o agricultor evite reaproveitar sementes: “O maracujá é uma planta autoincompatível e entra num processo que a gente chama de endogamia. Isso causa um parentesco entre as plantas, e é ruim para o vingamento de flor e produtividade”.
Por conta disso, o primeiro passo importante é escolher uma cultivar geneticamente melhorada e comprar muda de viveirista credenciado e licenciado no Ministério da Agricultura. Isso porque a muda – ou a semente – de qualidade é a base de sucesso do pomar.
Nem tudo são flores
A comercialização do maracujá no Distrito Federal neste ano não está das melhores. A saca de 12 kg está sendo vendida por cerca de R$ 22, enquanto, entre 2015 e 2016, o valor chegava a R$ 100. Isso incentivou muitos novos produtores a entrar na atividade, o que aumentou a oferta e, em consequência, fez o preço cair.
“Neste ano, a produção do maracujá tem sido muito alta e com preços baixos. Mas a gente espera que melhore no próximo ano. Até porque, quando dá um ano bom, entra muito produtor de fora. Quando tem um ano ruim, sai muito produtor do ramo. Então a gente espera que 2018 seja melhor”, afirma o produtor João Oliveira.
A alternativa encontrada para driblar os preços baixos é beneficiar o produto. “A vantagem do maracujá é que não é igual a uma cultura como a do tomate, por exemplo. Você levou pra feira, não vendeu, perdeu. No caso do maracujá, você pega, despolpa e leva para a indústria”, diz Landim.
Preparamos um especial com perguntas e respostas a dúvidas de expectadores sobre o cultivo do maracujá. Confira.