Pensando em ajudar os produtores de hortaliças a balizar seus custos de produção, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) realizou um estudo para expor os dados de gastos das principais regiões produtoras de culturas de grande potencial econômico neste setor: tomate, alface e cenoura. Veja os dados para a cultura do tomate.
O estudo contemplou o tomate de mesa (tutorado) nas regiões de Mogi Guaçu (SP), Araguari (MG) e Caçador (SC). E também a produção industrial de tomate em Goiânia (GO).
Antes de apresentar estes dados, no entanto, a publicação da entidade ressaltou alguns pontos que precisam ser observados, como o uso de mecanização, escala de produção, e riscos de oscilação de preços.
Mecanização X mão de obra
A produção hortícola é dependente de quantidade e qualidade de mão de obra. Poucas culturas são mecanizadas, especialmente na colheita. No estudo, somente o tomate industrial e a cenoura no Cerrado Mineiro têm as atividades principais mecanizadas. A redução do custo com mão de obra é significativa e chega a 80%. Mesmo levando-se em conta que as qualidades do tomate produzido sob o sistema tutorado e o rasteiro são distintas, o custo médio do tomate de mesa (envarado) é em torno de R$ 100 mil por hectare, enquanto o do rasteiro é de R$ 20 mil por hectare.
Escala
Quanto maior a demanda por mão de obra por hectare, mais difícil é ampliar a escala de produção. Isso pode ser verificado na análise a seguir: a escala de produção é maior para a cultura da cenoura, seguida pela do tomate industrial, depois de mesa e, por fim, da alface. Nos módulos de tamanhos avaliados, a alface tem menor escala de produção, já que requer muita mão de obra e precisão nas operações, em função do ciclo bastante curto, e tem alta perecibilidade, que demanda rapidez no escoamento. Além disso, a maior escala de produção permite diluir mais o investimento em infraestrutura, máquinas e implemento. Mesmo com pouca infraestrutura, o custo fixo é elevado nas propriedades de menor escala.
Risco elevado por oscilação nos preços
O risco na atividade hortícola é alto, principalmente para culturas que não têm cotações pré-estabelecidas. Neste estudo, somente o segmento do tomate industrial tem preço e garantia de escoamento da produção da indústria ao seu fornecedor. Os demais estão muito suscetíveis ao vai e vem do preço, em grande parte devido à oscilação da disponibilidade. Em períodos de alta oferta, a rentabilidade chega a ser negativa, mesmo alcançando boa produtividade. Já em períodos de baixa oferta, mesmo com produtividade um pouco mais baixa, a rentabilidade é positiva.
Custos do tomate por região:
Mogi Guaçu (SP)
Os custos de produção da região foram apurados em 27 de abril de 2017 e os dados são consolidados para a temporada de inverno de 2016 e, para estimados para a de 2017, já que a safra termina em outubro.
Caçador (SC)
Os custos de produção da região foram apurados para as duas principais escalas de produção: pequena (1,8 hectare) e grande (25 hectares). A safra analisada é a de verão 2016/2017,com dados já consolidados para a temporada de inverno de 2016 e estimativa para 2017, já que a safra termina em outubro.
Araguari (MG)
Os custos de produção da região foram apurados no dia 9 de junho de 2016. Os dados são consolidados para a temporada de 2015 e 2016 e consideram o período de safra da região que iniciou a colheita em fevereiro e se estendeu até dezembro de 2015.
Goiânia (GO)
Pela primeira vez, em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), por meio do projeto Campo Futuro, a equipe do Cepea se reuniu com produtores, indústria e técnicos da região de Goiânia (SP) para apurar os custos de produção de tomate industrial na região, que é o principal polo produtor e processador no Brasil, responsável por cerca de 70% de toda a área cultivada para indústria no País.
Veja o estudo completo na publicação “Hortifruti Brasil”, realizada pelo Cepea.