O avanço no ritmo da atividade industrial em abril atingiu 16 dos 27 ramos pesquisados. Entre esses, o desempenho de maior importância para o resultado global veio de veículos automotores (3,3%), que após forte ajuste de estoques feito no final do ano passado, acumulou 61,1% frente a dezembro de 2008, estimulado, principalmente, pela maior produção de automóveis. Vale citar também metalurgia básica (5,1%), borracha e plástico (6,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (8,3%), produtos de metal (6,8%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (5,2%). Em contrapartida, edição e impressão (-3,1%), equipamentos de instrumentação médico-hospitalares e óticos (-13,0%) e refino de petróleo e produção de álcool (-1,7%) exerceram as principais pressões negativas.
Ainda na comparação com o mês anterior, todas as categorias de uso registraram índices positivos. As taxas mais elevadas foram apontadas pelos segmentos de bens de consumo duráveis (2,7%) e de bens de capital (2,6%). O segmento de bens de consumo duráveis, com a quarta taxa positiva nessa comparação, já acumulou 57,8% de crescimento, em 2009, frente aos 48,7% de recuo nos três últimos meses de 2008. Bens de capital, que voltou a mostrar crescimento em relação ao mês anterior, não neutralizou a desaceleração observada em fevereiro e março, quando acumulou perda de 11,2%. O desempenho do setor de bens intermediários (1,1%) ficou igual a média da indústria, enquanto bens de consumo semi e não duráveis praticamente repetiu o patamar do mês anterior (0,3%).
Média móvel trimestral permaneceu positiva
Com o resultado de abril, o indicador de média móvel trimestral permaneceu positivo ao assinalar acréscimo de 1,3% frente a março, praticamente mantendo o ritmo do mês anterior (1,6%). Por categorias de uso, bens de consumo duráveis (5,0%), intermediários (1,0%) e bens de consumo semi e não duráveis (1,3%) registraram crescimento, enquanto o segmento de bens de capital (-3,1%) mantém trajetória de desaceleração.
Indústria recuou 14,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior
Em relação a abril de 2008, o setor industrial recuou 14,8%, praticamente repetindo a média do primeiro trimestre do ano (-14,6%). Além da elevada base de comparação, vale ressaltar a influência do menor número de dias úteis em abril de 2009 (20) frente abril de 2008 (21). A grande maioria (24) dos vinte e sete setores pesquisados exibiu índices negativos nessa comparação, vindo de veículos automotores (-24,8%) e máquinas e equipamentos (-32,3%) as maiores contribuições na formação da taxa global, ambos pressionados pelo recuo em mais de 80% dos produtos investigados nos respectivos setores. Também apresentaram pressões negativas os ramos de metalurgia básica (-27,9%), por conta do recuo em lingotes, blocos tarugos e placas de aço; e material eletrônico e equipamentos de comunicações (-44,0%), impactado, sobretudo, por telefones celulares. Entre as três atividades que mostraram aumento em relação a abril de 2008, a mais significativa veio de bebidas (4,8%), impulsionado pela maior fabricação de cervejas, chopes e refrigerantes.
Ainda no confronto com abril de 2008, os índices foram negativos para todas as categorias de uso, com destaque para bens de capital (-29,3%), que ao assinalar o maior recuo desde março de 1996 (-31,7%), registrou ritmo de queda bem superior ao da indústria geral (-14,8%). Esse resultado foi sustentado pelos índices negativos em todos os seus subsetores, com destaque para bens de capital para uso misto (-33,9%), por conta do recuo nos investimentos nas áreas de telefonia celular e informática, e bens de capital para transporte (-15,4%), por conta do efeito conjugado da redução na fabricação de caminhões e caminhão-trator e o menor ritmo de crescimento de aviões. Vale citar que esse é o subgrupo de maior peso na categoria de bens de capital e, até março, acumulava crescimento de 1,5%. O desempenho de bens de capital para fins industriais (-36,9%) registrou em abril a menor taxa da série histórica. O segmento de bens de consumo duráveis (-21,6%), que também ficou com recuo acima da média da indústria (-14,8%), mostrou o sétimo resultado negativo nesse tipo de comparação, com as pressões negativas mais relevantes vindo dos itens, automóveis (-15,6%), eletrodomésticos (-16,8%) e telefones celulares (-44,9%).
Na comparação abril 2009/abril 2008, o desempenho de bens intermediários ficou 15,5% inferior e foi negativamente influenciado pelo comportamento de vários dos seus subsetores, com destaque para os produtos associados às atividades de metalurgia básica (-27,9%), veículos automotores (-33,1%), indústrias extrativas (-11,6%), borracha e plástico (-21,2%) e outros produtos químicos (-10,0%), principalmente pela redução nos itens: lingotes, blocos, tarugos e placas de aço e relaminados de aço; peças e acessórios para veículos; minérios de ferro, pneus e peças e acessórios de plástico para automóveis, e herbicidas para uso na agricultura. Ressalta-se ainda os índices negativos observados em insumos para construção civil (-11,6%) e embalagens (-9,6%). A única influência positiva veio dos itens associados ao setor de alimentos (9,4%), impulsionado pelo aumento na produção de açúcar cristal. O segmento de bens de consumo semi e não duráveis recuou 4,2%, resultado que foi sustentado por todos os subsetores, com exceção de carburantes (4,9%), determinado, sobretudo, pelo aumento na produção de álcool. A principal contribuição negativa veio do subsetor de semiduráveis (-17,3%), seguido por outros não duráveis (-3,6%) e alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-2,8%), com destaque, respectivamente, para os itens calçados de couro e roupas de banho; jornais e medicamentos, e vinhos de uva.
Atividade industrial recuou 14,7% em relação a igual quadrimestre de 2008
A retração de 14,7% no acumulado de janeiro-abril, contra igual período de 2008, é a maior da série histórica para esse tipo de comparação e também teve perfil generalizado, atingindo 24 setores, as quatro categorias de uso e 63 dos 76 subsetores industriais. No corte por atividades, a maior pressão permaneceu com veículos automotores (-26,6%), valendo ainda citar os índices de máquinas e equipamentos (-29,3%), metalurgia básica (-30,0%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (-43,1%) e outros produtos químicos (-18,3%).
A análise do indicador acumulado nos primeiros quatro meses do ano, a partir dos índices por categorias de uso, mostrou que bens de capital (-22,6%) e bens de consumo duráveis (-22,2%) apresentaram os recuos mais intensos, seguidos por bens intermediários (-17,5%), todos com desempenhos abaixo da média nacional (-14,7%). O segmento de bens de consumo semi e não duráveis (-3,2%), mais protegido dos efeitos da crise internacional, recuou de forma mais moderada.
O indicador acumulado nos últimos doze meses registrou taxa de -3,9% em abril
A taxa anualizada, medida pelo indicador acumulado nos últimos doze meses, recuou 2,0 pontos percentuais na passagem de março (-1,9%) para abril (-3,9%). Frente ao início do processo de perda abrupta de ritmo, em outubro passado, esse indicador perdeu 9,9 pontos percentuais. Nesse mesmo intervalo de tempo as categorias de uso tiveram o seguinte desempenho: bens de capital (de 19,0%, em outubro 2008, para 0,2% em abril 2009), bens de consumo duráveis (de 4,6% para -6,0%), bens intermediários (de 10,7% para -8,5%) e bens de consumo semi e não duráveis (de 1,5% para -0,4%).
Em síntese, a atividade industrial mantém em abril sinal positivo na comparação com o mês anterior, acumulando 6,2% de crescimento desde o início de 2009, ainda distante da perda acumulada (-20,0%) nos últimos três meses de 2008. Nas demais comparações verifica-se perfil generalizado de queda entre as atividades, subsetores e categorias de uso. Na análise dos índices por quadrimestre, observou-se desaceleração presente desde o 2º quadrimestre de 2008, chegando nos primeiros quatro meses de 2009 a um recuo de 14,7%, bem mais intenso que o do terceiro quadrimestre de 2008 (-2,4%), ambos frente a igual período do ano anterior. Em termos de categorias de uso, bens intermediários e bens de consumo duráveis mostraram o mesmo movimento, enquanto bens de capital e bens de consumo semi e não duráveis mesmo desacelerando registraram taxas negativas somente no primeiro quadrimestre de 2009.