IBGE: estiagem deve provocar queda de 6% na safra de café em 2014

Já exportações tiveram aumento de 12,8% nos primeiros quatro meses do ano em relação a 2013Os produtores de café devem ser os principais prejudicados pela estiagem nos primeiros meses do ano. A safra nacional a ser colhida em 2014 totaliza 2.744.165 de toneladas, ou 45,7 milhões de sacas de 60 kg de café em grãos beneficiados, somadas as espécies arábica e robusta (ou conillon). O montante significa uma queda de 6,1% em relação à produção de 2013, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de abril, divulgado nesta quinta, dia 08, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

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O recuo foi provocado pela seca que atingiu Minas Gerais e prejudicou a plantação do café arábica. A espécie deve ter recuo de 12% na produção em 2014 ante 2013, como consequência de uma diminuição de 4,2% na área colhida e redução de 8,2% no rendimento médio.

– A redução na produção foi causada mais por estiagem. Mas o café também vem passando por queda de preço há dois anos, isso desestimula o produtor. Ele investiu menos na cultura, erradicou algumas áreas menos produtivas – afirmou Mauro Andreazzi, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE.

O levantamento de abril mostrou uma redução de 4,1% para a produção do café arábica em relação à estimativa de março. O clima fez produtores de Minas Gerais revisarem suas projeções.

– O café parece o mais prejudicado pelo clima, porque grande parte dele está em Minas Gerais e São Paulo, que foram mais afetados pela estiagem. Quando o produtor vai selecionar o grão, ele vê que só tem a casquinha, que a planta não formou o grão dentro. Então quando colher é que ele vai ver melhor essa perda – explicou o gerente do IBGE.

A safra de 2014 deve interromper a bianualidade que marca a produção de café há 22 anos. Se confirmadas as atuais estimativas negativas para a espécie arábica, o grão terá dois anos seguidos de safra baixa (2013 e 2014).

– Esse ano era para ser um ano de alta na produção. Mas estão falando de inversão dessa alternância de safra – disse Andreazzi.

Se por um lado o café arábica enfrenta dificuldades, o café robusta teve novo aumento na previsão de safra para 2014. A safra da espécie deve ser 14,9% maior que a de 2013. Os produtores elevaram em 1,7% suas perspectivas de produção em abril em relação ao que estimavam em março.

– O canephora (robusta) é mais resistente, por isso registrou aumento na estimativa de produção – justificou Andreazzi.

O maior produtor de robusta do país é o Estado do Espírito Santo, que espera aumento de 17,4% na safra de 2014, em relação a 2013. No total do país, a safra de conillon deve totalizar 744.269 toneladas, ou 12,4 milhões de sacas.

Exportações

O volume de café exportado em abril foi 8,3% superior ao registrado no mesmo mês em 2013, segundo balanço divulgado nesta quinta, dia 08, pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé). Foram embarcadas 3.006.248 sacas (verde, torrado, moído e solúvel), contra 2.776.094 em abril do ano passado.

A receita teve aumento de 5,3% na mesma base comparativa, fechando em US$ 520,986 milhões. No período de janeiro a abril foram exportadas 11.452.977 sacas, o que representou um crescimento de 12,8% em relação ao primeiro quadrimestre do ano anterior.

Guilherme Braga, diretor-geral do CeCafé, avalia que os números mostram uma recuperação dos preços no mês de abril, com aumento real em torno de 8%.

– O volume exportado em abril também pode ser considerado bom, por ser um mês de entressafra e a expectativa é que isso se mantenha no mês de maio – diz Braga.  

Considerando o ano-safra, foram comercializadas 27.942.081 sacas de café entre julho de 2013 e abril de 2014, quantidade 7,8% superior à registrada no mesmo período da safra anterior. Já a receita acumulada ao logo destes dez meses da safra 2013/2014 foi de US$ 4,203 bilhões.

De acordo com o levantamento, a variedade arábica respondeu por 85,3% das vendas do país no período de janeiro a abril, o solúvel por 9,4% e o robusta, por 5,2% das exportações. Os cafés diferenciados (arábica e conillon) tiveram participação de 22,2% nas exportações em termos de volume e de 29,8% na receita cambial.

O relatório aponta ainda que nos quatro primeiros meses de 2014 a Europa foi o principal mercado importador de café do Brasil, respondendo pela compra de 55% do total embarcado do produto, enquanto a América do Norte adquiriu 24% do total de sacas exportadas, a Ásia 16%, a América do Sul 3%, a África 1% e a Oceania 1%.