Impasse sobre fretes faz produtor reduzir uso de insumos na soja

Segundo a Aprosoja Brasil, esse problema gera incertezas nos sojicultores que não só deixam de investir, como também evitam fazer novos negócios

Com o impasse do tabelamento do frete a entrega de insumos para o plantio da próxima safra de soja foi prejudicada. Para a Aprosoja Brasil, o atraso pode refletir em menos tecnologia na hora da semeadura.

Um exemplo do que tem acontecido é que o gesso entregue hoje, deveria ter chegado há um mês. Mas o negócio também foi fechado com atraso, relata o produtor rural Fábio Caminha, que esperou o preço do frete baixar para realizar a compra. Mas isso não aconteceu e ele pagou R$ 160 por tonelada do produto. Se tivesse comprado antes da greve dos caminhoneiros, em maio, teria economizado quase R$ 50 por tonelada.

Como o custo aumentou, o jeito foi diminuir a quantidade do insumo em 50%. “Estamos adaptando os planos a nova realidade. Não conseguimos manter o nosso planejamento para correção do solo em função dos fretes. Tivemos que adaptar. Essa safra terá um manejo com menos produtos na lavoura e isso pode nos prejudicar lá na frente”, afirma o Fábio Caminha.

Junto com seu engenheiro agrônomo Bruno Milan, foram refeitas as contas, diminuíram as compras e conseguiram os insumos a tempo. Mas, de acordo com a Aprosoja Brasil, alguns produtores podem ser prejudicados. “Isso gera uma instabilidade total e não tem como gerar negócios. Isso poderá afetar quem está plantando não só com atrasos, mas também por esta economia nos insumos”, diz Bartolomeu Braz.

O planejamento de Milan e Caminha ainda não garantiu a safra. A semente também chegou a tempo e já está indo para o solo. “A gente espera uma produtividade um pouco maior que os 70 sacos que colhemos no ano passado. É a nossa meta”, diz Milan.

A participação da propriedade do Caminha deve ajudar o município de Maracaju a se destacar de novo na produção de soja. Na safra passada, um milhão de toneladas de grãos foram colhidas em 282 mil hectares. O que contribui para o estado do Mato Grosso do Sul a bater recorde de produção: 59 sacas por hectare na média.

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