O debate deve considerar dois aspectos: a renda do produtor e o aumento do preço do pãozinho. Mesmo com a redução das exportações do cereal argentino para o Brasil, o Ministério da Agricultura deve defender a manutenção da alíquota da TEC nos atuais 10% para importações de países fora do Mercosul. E o Ministério da Fazenda está monitorando o impacto na inflação se os moinhos precisarem comprar o trigo mais caro.
Para a indústria, ou o Brasil reduz a TEC a zero ou o preço do pãozinho vai acabar subindo.
? Trigo sem TEC não é uma alucinação dos moinhos, é uma constatação. Se o governo quer importar com TEC e não tiver problemas com a alta do preço do pãozinho, não tem problema nenhum ? argumenta Antenor Leal, presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo do Rio de Janeiro e conselheiro da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo).
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, entretanto, vem mostrando uma posição firme em relação à manutenção da tarifa. Esta será a determinação enquanto entender que os estoques brasileiros são suficientes até a colheita nacional ter início em agosto.
Em 2008, a importação sem TEC foi liberada e, meses depois, com a oferta da safra nacional, os preços internos caíram. O ministro não quer se desgastar com os produtores rurais. O Paraná, reduto político de Stephanes, é o maior produtor de trigo.
Cálculo da Camex aponta que o país ainda teria que importar até 2 milhões de toneladas de trigo para suprir a estimativa de demanda interna. A Abitrigo deve se reunir com Stephanes para discutir o assunto. Mas os produtores vêm afirmando que usarão “todos os cartuchos” disponíveis para o governo não zerar a tarifa com a finalidade de não prejudicar o cereal nacional.