O volume de importações de feijão cresceu 125% na comparação com as 96,4 mil toneladas compradas em 2007, puxadas pelo tipo preto, principalmente. As importações de feijão preto também aumentaram 125% em 2008, passando de 76,7 mil toneladas em 2007 para 172,5 mil toneladas.
Se a corrente de comércio cresceu em 2008, o déficit comercial foi significativo. O feijão responde por apenas 8,7% do total dos cultivos no Brasil (algodão, arroz, milho, soja, trigo e demais cultivos não perenes). É uma parcela muito pequena se comparado aos quase 45% que são destinados à soja e 30,4% para o plantio de milho.
? Esse é um sinal de menor especialização do setor como um todo, fato comprovado pelo grande número de pequenos agricultores, que compõem os quase 60% da produção, além da falta de perspectiva do produto para o mercado externo ? afirma o analista da Safras Rafael Poerschke.
Os grandes produtores preferem tomar o feijão como uma aposta de curto prazo (os três meses do plantio a colheita) em meio as suas atividades principais.
? Em alguns casos o feijão é plantado em meio às ruas dos cafezais (espaçamento entre os pés de cafés), como se faz na Bahia, Espírito Santo e Rondônia. Eles fazem dessa cultura um reforço de receita quando os preços estão em patamares ótimos, ou plantam para subsistência na fazenda ? disse Poerschke.
Essa falta de fidelidade na produção de feijão, aliada à volatilidade dos preços, atribui ao feijão uma grande variação na oferta para o mercado interno brasileiro, possibilitando uma janela para o feijão importado. Mesmo com uma tarifa externa comum (TEC) de 10% para o feijão chinês, a leguminosa oriental respondeu por 47,88% das importações do tipo preto. A Argentina respondeu por outros 42,81% (73,86 mil toneladas).
Em relação ao ano anterior as exportações argentinas cresceram 8,39%, enquanto que em 2007 não foram registradas importações com origem na China.
? Com a maior oferta da primeira e segunda safras 2008/2009 pode haver redução nos volumes importados nessa temporada, favorecendo os produtores nacionais ? avalia o analista.