Incêndio em Santos pode ter gerado prejuízo de R$ 20 milhões até agora

Parte do prejuízo vem do bloqueio aos caminhões que ficaram impedidos de acessar o portoOs reflexos do incêndio nos tanques de combustíveis da empresa Ultracargo, no bairro Alemoa, em Santos, litoral paulista, geram um prejuízo de pelo menos R$ 2,5 milhões por dia (R$ 20 milhões desde que o incêndio começou), informa o Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan).

Fonte: Canal Rural

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), desde a última segunda, a estimativa é de que 400 mil toneladas de soja deixaram de ser embarcadas no Porto de Santos. Hoje, não há estoques de soja e farelo nos terminais das exportadoras. Boa parte do prejuízo vem do bloqueio aos caminhões que ficaram impedidos de acessar o Porto de Santos nos últimos dias. Ainda há cálculos não oficiais de analistas e entidades ligadas ao porto, em que calculam impactos de R$ 500 por caminhão parado e de US$ 20 a 30 mil por navio não embarcado.

Nesta quinta, dia 9, o fogo foi controlado algumas vezes, mas permanece, chegando ao oitavo dia de incêndio. bloqueio dos caminhões ao Porto de Santos iniciou na segunda, dia 6. Porém, uma operação da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), realizada na quarta, 8, de 21h às 4h, liberou todos os 500 caminhões que estavam parados no pátio. Sendo assim, não terão mais ações para liberar outros veículos que estejam parados.  As operações da Margem Esquerda (município de Guarujá, Ilha do Barnabé e Embraport) ocorrem normalmente, assim como o acesso ferroviário nas duas margens.

Há risco que as chamas voltem a consumir parte do combustível de um dos tanques da empresa e, por conta disso, a área continua isolada. Enquanto o problema não for resolvido por completo, uma das principais rotas de acesso, a via Anchieta, continua com restrição de cargas no quilômetro 39 da rodovia.

O caminhoneiro Marco Antônio Fischer saiu do Piauí na semana passada com uma carga de algodão que ainda não foi entregue. 

–  Ninguém pensa no prejuízo do caminhoneiro nesse momento. Eu deveria ter entregue minha carga na segunda, mas estou aqui sofrendo nesse ponto de parada – relata. 

Para o especialista portuário Sérgio Aquino, é difícil calcular a real dimensão dos prejuízos no momento, mas, além da questão financeira, pode haver perda de credibilidade do sistema de logístico brasileiro e do principal porto da América Latina:

– A tendência é de que esse prejuízo seja muito maior. A gente só vai ter noção dessa realidade quando o acesso for liberado. Existem navios que embarcaram sem algumas cargas e, mesmo sem levar, eles cobrarão esses valores das empresas. Já enfrentamos uma crise de logística nos últimos anos e acreditamos que isso só vai piorar a imagem brasileira no mercado internacional – pontua.

A Codesp divulgou a seguinte nota à imprensa na tarde desta quinta:

“A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) informa que permanece o combate ao incêndio que atinge tanques de inflamáveis no Distrito Industrial da Alemoa, no Município de Santos, interditando a Avenida Augusto Barata, único acesso ao Porto de Santos pela Margem Direita. Dessa forma, o Comitê de Gestão da Crise decidiu pela continuidade, em caráter excepcional, da interrupção do tráfego de caminhões com destino à Margem Direita do Porto de Santos, por mais 24 horas, a partir da zero hora do dia 10 de abril, podendo ser a medida reavaliada no decorrer desse mesmo diaAs operações da Margem Esquerda (Município de Guarujá, Ilha do Barnabé e Embraport) ocorrem normalmente, assim como o acesso ferroviário nas duas margens.”