– Este cenário gera insegurança entre investidores e prejudica o surgimento de projetos para o futuro, algo absolutamente necessário para a expansão do setor, principalmente se considerarmos a demanda potencial por etanol nestes países – explicou Kutas.
Segundo Kutas, os EUA, donos da maior indústria de biocombustíveis do planeta, enfrentam um ambiente conturbado em relação ao mandato de produção e utilização do produto feito a partir do milho. Existe uma pressão recorrente para se acabar com o Padrão para Combustíveis Renováveis (RFS2, em inglês), regulamentação que determina que se atinja a utilização de 136 bilhões de litros de combustíveis limpos por ano naquele país até 2022. A justificativa é que o uso massivo do milho na fabricação do etanol estaria encarecendo os preços da matéria-prima usada por outros setores, como o de alimentação animal.
– Sempre houve e sempre haverá ataques ao padrão de combustível renovável em função das grandes quantidades de milho absorvidas pela produção de etanol naquele país, que chega aos 40% da produção de milho, e do papel preponderante dos EUA no comercio mundial dessa commodity – ressaltou Kutas.
Entre outros desafios que o país enfrenta para que o uso do etanol cresça, ela citou a baixa oferta do combustível E15 (gasolina com mistura de 15% de etanol) no mercado doméstico americano. O processo de adoção do E15 nos EUA vem gerando polêmica desde 2009.
– Por desconhecimento técnico, argumentos contrários à medida sugeriram que os motores dos veículos não teriam um bom desempenho com o produto, o que os estudos da Agência de Proteção Ambiental americana (EPA, em inglês) já desmentiram. No final, todo este processo acabou prejudicando a comercialização do E15 – observou.
No Brasil, o setor tenta recuperar a competitividade do etanol hidratado (abastecido direto da bomba) frente à gasolina, que nos últimos anos teve seu preço mantido artificialmente baixo, sem seguir as cotações internacionais do petróleo. Segundo cálculos da Unica, a produção brasileira de cana necessita dobrar até 2020, chegando a algo próximo de 1,2 bilhão de toneladas por ano. Só assim será possível manter uma participação de 50% do mercado mundial de açúcar, abastecer metade da frota doméstica de carros flex e exportar etanol para os principais mercados estrangeiros.