Braga considerou, no entanto, “exagerado” o diferencial de US$ 0,09 por libra-peso abaixo do par (fechamento do contrato mais líquido) para o café brasileiro. O café colombiano, por exemplo, tem diferencial acima do par. O representante dos exportadores, no entanto, minimiza a decisão sobre o diferencial, alegando que entende a medida da bolsa como precaução. O objetivo é tentar tranquilizar outros países contra o receio de que o Brasil possa ‘inundar’ o mercado com o produto.
Segundo Braga, não há condições de os produtores brasileiros mudarem a estrutura produtiva de um dia para outro, fazendo todo o preparo do café por via úmida. O processo exige investimento em tecnologia, a colheita tem de ser seletiva, implicando maiores custos com mão de obra, tempo curto, fora gastos com água, entre outros fatores, “que limitam o crescimento rápido do preparo por via úmida”, explica Braga. Estima-se que na safra atual, de cerca de 47 milhões de sacas, apenas quatro milhões a cinco milhões de sacas teriam sido preparadas pela via úmida. A maior parte é preparada por via seca, em terreiros.
Braga ressalta que agora começa uma nova etapa.
? Uma vez incluído na bolsa, o país deve mostrar agora que a estrutura de custos e a qualidade, entre outros atributos, não justificam esse diferencial ? comenta.
A bolsa faz revisões periódicas dos diferenciais e a tendência é estreitar o deságio para o grão brasileiro ao longo dos anos.
O diretor geral do Cecafé informou, ainda, que a entidade conduziu a iniciativa de inclusão do café brasileiro desde o início do processo, em 2005. Na ocasião, uma delegação brasileira, liderada pelo exportador Jorge Esteve Jorge, entregou o pleito formal ao conselho da bolsa. O consultor Carlos Brando apresentou estudo consistente sobre a cafeicultura brasileira. O especialista Silvio Leite defendeu a qualidade da bebida brasileira. Foram cerca de oito meses de estudos, em audiências públicas, inclusive com a participação de países concorrentes.