Segundo os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), a desvalorização do café no Brasil é resultado dos consecutivos recuos nos valores do arábica no mercado futuro da Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Ao longo de outubro, as cotações futuras chegaram a acumular 13 pregões de seguidas baixas. No dia 31 de outubro, o contrato com vencimento em dezembro fechou a 105,40 centavos de dólar por libra-peso, o menor nível desde dezembro de 2008. Estima-se que, no curto prazo, o contrato pode ser negociado abaixo dos 100 centavos de dólar por libra-peso.
A produção volumosa no Brasil, apesar da bienalidade negativa, e o avanço na colheita em importantes produtores, como a Colômbia e alguns países da América Central, têm sido os principais fatores baixistas na bolsa. De acordo com dados da Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia (Fedecafe), em menos de 10 meses, a Colômbia conseguiu alcançar recorde de exportação de 1 milhão de sacas de cafés especiais.
Neste cenário de baixos preços, a maior parte dos vendedores no Brasil ainda está retraída. Conforme apurou o Cepea, não está havendo uma grande pressão por parte dos compradores, que consumem seus estoques, apostando em novas quedas. Os poucos negócios ocorrem apenas quando há necessidade de venda ou de compra por parte de agentes, o que dificulta uma reação no curto prazo.
A queda nos preços do arábica, por sua vez, tem sido um dos principais fatores que pressionam os valores do robusta. Em outubro, a média do indicador Cepea/Esalq do robusta, tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, foi de R$ 205,23 a saca, 13,1% inferior à de setembro e o menor nível desde dezembro de 2010 (R$ 192,83/saca), em termos nominais. Em termos reais, a média de outubro é a menor desde setembro de 2010 (R$ 204,44/saca). As cotações externas do robusta também têm recuado, influenciadas principalmente pela colheita volumosa no Vietnã.
Segundo pesquisadores do Cepea, as sucessivas quedas nos preços dos cafés arábica e robusta no mercado físico brasileiro ao longo deste ano podem já estar limitando investimentos de produtores em tratos culturais, especialmente em lavouras de arábica. Em outubro, a abertura de floradas já foi observada em praticamente todos os cafezais da variedade nas principais regiões do País e, neste momento, seria necessária a intensificação dos cuidados no campo para um bom desenvolvimento das flores e do “pegamento”.
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