O índice mensal da FAO, que mede a variação de uma cesta de commodities alimentícias, atingiu 205,8 pontos em outubro, superando em 1,3% o nível verificado em setembro. Em relação ao mesmo intervalo de 2012, entretanto, houve queda de 5,3%. Este é o primeiro aumento de preços desde abril de 2013, mas a organização observou que as cotações da maioria dos produtos recuaram nos últimos meses.
– Isso está relacionado ao crescimento de produção e à expectativa de que na atual temporada nós teremos ofertas mais abundantes, maior disponibilidade para exportação e estoques mais altos – explicou David Hallam, diretor da divisão de mercados e comércio da FAO.
A forte expansão da produção de cereais em 2013 deve-se à recuperação da safra norte-americana de milho e às colheitas recordes de trigo em países da Comunidade dos Estados independentes (CEI, na sigla em inglês), segundo a organização. A produção global de arroz também deve ser maior neste ano, acrescenta.
A FAO estima que os estoques mundiais de cereais cresçam 13% neste ano, para 564 milhões de toneladas. As reservas globais de trigo e arroz deve subir 7% e 3%, respectivamente, em 2013, conforme a entidade. O indicador de preço dos cereais ficou em 197 pontos em outubro, 1% acima do patamar verificado em setembro.
O índice do açúcar em outubro subiu 7,4% ante setembro, para 265 pontos, registrando o terceiro ganho mensal consecutivo. “A alta em outubro foi atribuída principalmente aos atrasos na colheita devido às condições climáticas desfavoráveis no Centro-Sul do Brasil, maior produtor e exportador mundial. Um incêndio que destruiu armazéns no porto de Santos também exacerbou a alta de preço“, esclareceu a organização.
Já o indicador de óleos e gorduras em outubro aumentou 2% na comparação mensal. “Os preços do óleo de palma subiram mais de 5%, atingindo a máxima em 13 meses, especialmente por causa da produção menor que a esperada no Sudeste Asiático e à firme demanda mundial de importadores”, informou a FAO.
Alta do dólar eleva custo dos alimentos no Brasil em outubro
A valorização do dólar ante o real foi o principal motivo para a alta de 1,03% no preço dos alimentos no Brasil em outubro deste ano. Segundo a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos, a necessidade de importar produtos como o trigo elevou o custo alimentício no país.
– Houve problemas com a safra do trigo na Argentina e no próprio Brasil. Tivemos que importar trigo de mercados onde o produto é mais caro. O trigo aumentando espalha a inflação por outros produtos como o pão francês e o macarrão – disse Eulina.
O custo da ração animal, também afetado pela alta do dólar, contribui para a inflação de alimentos como as carnes e o frango. As carnes, com taxa de 3,17%, foram o item que mais contribuiu para a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 0,57% em outubro.