O índice mensal de preços de alimentos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado nesta quinta, dia 8, avançou 0,38% em setembro ante agosto, para 156,3 pontos, mas ainda está 18,9% atrás do índice verificado no mesmo mês de 2014.
As cotações do açúcar e de lácteos se mantiveram firmes no mês passado, enquanto as demais commodities ficaram próximas ou ligeiramente abaixo dos níveis verificados em agosto.
O Índice de Preços de Alimentos da FAO acompanha cinco grupos de commodities em mercados internacionais: cereais, carnes, laticínios, óleos vegetais e açúcar. Entre os segmentos, o indicador de preços de óleos vegetais, cereais e carnes recuaram levemente em agosto.
Açúcar
A categoria açúcar registrou avançou 3,18%. Em setembro, o índice para a categoria ficou em 168,4 pontos, ante 163,2 pontos no mês anterior. De acordo com a FAO, o aumento foi influenciado especialmente por questões climáticas e pelo temor sobre os prejuízos que o fenômeno El Niño pode causar.
No Brasil, o maior produtor mundial de açúcar, precipitações excessivas na principal região produtora do País reduziram significativamente a colheita de cana, enquanto na Índia, segundo maior produtor global da commodity, chuvas abaixo da média relacionadas às Monções impactaram negativamente a produtividade das lavouras.
Da mesma forma, anúncios oficiais da Tailândia, segundo maior exportador do produto no mundo, apontaram para uma menor colheita na safra 2015/2016, em função de secas prolongadas. Tendo em vista o cenário atual nos três países, o déficit de produção já antecipado para a temporada atual tende a ser ainda maior, segundo a organização.
Lácteo
O grupo de lácteos também subiu em relação a agosto, 5,02%, para 142,3 pontos. A alta ocorre após a forte queda do índice verificada no mês passado. Enquanto os preços de todas as commodities do segmento se mantiveram firmes, o de leite em pó foi a que registrou o maior avanço. O fato está associado, principalmente, a cotações mais altas na Nova Zelândia, onde produtores reduziram a escala de produção após reduções significativas em seus pagamentos.
Óleo vegetal
O índice para óleos vegetais sofreu leve recuo em relação ao mês passado, de 0,5% para 134,2 pontos, mas é o menor nível desde março de 2009. De acordo com o relatório da FAO, a queda em setembro se deve à queda dos preços do óleo de palma, resultado de uma abundante oferta do produto para exportação, especialmente da Malásia.
A desvalorização da moeda local em relação ao dólar estimula os produtores locais a exportar. As cotações internacionais do óleo de soja também recuaram em virtude da ampla oferta na América do Sul e da projeção de ampla produção global. Em contrapartida, os preços dos óleos de colza e de girassol têm registrado leve alta, refletindo as preocupações sobre a estimativa de uma oferta menor que prevista anteriormente.
Cereais
Os preços dos cereais também tiveram queda, com o índice do grupo aproximadamente 0,2%, para 154,8 pontos, 13,1% abaixo do verificado um ano atrás. As cotações internacionais dos cereais têm sofrido pressão baixista desde o começo de 2015, em meio a grandes estoques e perspectivas de grandes colheitas.
Os preços do trigo estão cerca de 20% mais baratos que em setembro de 2014, por causa de recordes de produção nesta temporada. Influenciadas por um esperado declínio na produção mundial de milho, as cotações de grãos têm se mostrado mais resilientes, cedendo apenas 1,4% na comparação com setembro de 2014.
Apesar da perspectiva de quebra de safra, os preços do arroz se mantêm em trajetória de queda, ainda que o recuo seja de apenas 1,7% em setembro, trigésimo mês consecutivo de redução das cotações.
Carne
O índice de carnes ficou praticamente estável em 170,5 pontos, apenas 0,3% abaixo do verificado no mês passado. O índice têm variado dentro de uma estreita faixa desde março de 2015, de acordo com a FAO. Ao longo deste período de sete meses, os preços das carnes de aves caíram em função de menores custos de alimentação.
Ao mesmo tempo, a forte demanda, combinada com a oferta reduzida, levou ao aumento dos preços da carne bovina. Enquanto isso, as cotações da carne suína se mantiveram relativamente estáveis. Os preços de ovinos apresentaram maior variação, refletindo em parte as oscilações na oferta.