? O que fica mais evidente é que continua tudo igual. Temos a reprodução de uma situação que é dramática ? avalia a antropóloga e coordenadora da pesquisa, Lúcia Helena Rangel.
A maioria dos homicídios, de acordo com o Cimi, ocorreu em Mato Grosso do Sul, região de conflitos históricos entre índios e grandes produtores rurais pela posse de terras. O Estado registra mais de 50% dos assassinatos indígenas em 2010 e o maior percentual de ameaças e tentativas de assassinatos notificados pelos pesquisadores.
Alem da violência, o levantamento traz informações sobre outras violações de direitos indígenas, como a assistência à saúde. Em 2010, os números foram alarmantes, de acordo com o relatório, 92 crianças indígenas menores de cinco anos morreram vítimas de doenças consideradas “facilmente tratáveis”, número 500% maior que o registrado em 2009.
? A situação do povo Xavante, que perdeu 60 das cem crianças nascidas vivas, é um absurdo ? destaca a coordenadora.
O documento também registra casos de violência policial, desrespeito à demarcação e exploração ilegal de recursos em terras indígenas.
Segundo Lúcia Helena, a repetição das estatísticas negativas revela o descaso histórico em relação às causas indígenas e o recente acirramento do preconceito contra os povos tradicionais.
? Reflete o não reconhecimento dos direitos indígenas, por parte do Estado, por parte dos políticos, dos donos de terra e da população em geral, que expressa um racismo contra os indígenas que está cada vez mais descarado ? acrescenta.