Indígenas da etnia guarani kaiowá invadem propriedade em Dourados (MS), diz Famasul

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, indígenas retomaram parte do território reivindicado como tradicionalCerca de 20 indígenas da etnia guarani kaiowá invadiram na segunda, dia 16, mais uma propriedade rural em Mato Grosso do Sul, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul). Localizada na MS-463, na região de Dourados, a fazenda de José Roberto Teccheo sofre a segunda invasão em cinco anos. De acordo com o proprietário, indígenas ignoram a sentença expedida pela 1ª Vara Federal de Dourados, que finaliza o processo e garante a legitimidade da terra.

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De acordo com Teccheo, a primeira invasão em sua propriedade ocorreu em 2008. O pedido de reintegração de posse foi atendido pela Justiça Federal no ano seguinte. Recursos da Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal consideraram a área como indígena, definição desconsiderada pela 1ª Vara Federal de Dourados, que sentenciou favoravelmente ao proprietário.

A área de 108 hectares é arrendada para uma usina sucroenergética e destinada ao cultivo de cana-de-açúcar. O proprietário da fazenda acusa órgãos ligados aos indígenas de elaborarem manobras que tentam romper seu contrato de arrendamento.

– Tenho a legalidade da terra comprovada judicialmente e, ainda assim, entidades fazem pressão para que a usina assine um termo que interrompa o meu contrato – denuncia Teccheo.

De acordo com a Famasul, com a invasão da Fazenda Serrana, somam 67 propriedades privadas invadidas no Estado.

Índios alegam vulnerabilidade na região 

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a comunidade guarani kaiowá vive acampada às margens da rodovia BR-463 e retomou parte do território reivindicado como tradicional. As famílias estão acampadas há 14 anos no local. O conselho informou que, nos últimos anos, seis índios morreram devido à vulnerabilidade que vivem na beira da estrada.

Em agosto, um incêndio, que teria iniciado no canavial da propriedade, atingiu cerca de mil hectares da terra e se alastrou para o acampamento, destruindo barracas e pertences dos indígenas. A causa do incêndio ainda não foi confirmada. Os indígenas temem uma retaliação por parte dos fazendeiros e, especialmente, de empresas de segurança privadas que prestam serviço a eles.

– As autoridades têm que saber o que está acontecendo aqui. Nós precisamos de proteção para não acontecer coisa ruim de novo. A comunidade tem que ficar protegida aqui no tekoha [território tradicional]. Nós estamos rezando pela nossa proteção. Nós não vamos sair – diz um indígena.