>> Governo adia para novembro publicação de portaria que altera demarcações de terras indígenas
De acordo com Teccheo, a primeira invasão em sua propriedade ocorreu em 2008. O pedido de reintegração de posse foi atendido pela Justiça Federal no ano seguinte. Recursos da Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal consideraram a área como indígena, definição desconsiderada pela 1ª Vara Federal de Dourados, que sentenciou favoravelmente ao proprietário.
A área de 108 hectares é arrendada para uma usina sucroenergética e destinada ao cultivo de cana-de-açúcar. O proprietário da fazenda acusa órgãos ligados aos indígenas de elaborarem manobras que tentam romper seu contrato de arrendamento.
– Tenho a legalidade da terra comprovada judicialmente e, ainda assim, entidades fazem pressão para que a usina assine um termo que interrompa o meu contrato – denuncia Teccheo.
De acordo com a Famasul, com a invasão da Fazenda Serrana, somam 67 propriedades privadas invadidas no Estado.
Índios alegam vulnerabilidade na região
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a comunidade guarani kaiowá vive acampada às margens da rodovia BR-463 e retomou parte do território reivindicado como tradicional. As famílias estão acampadas há 14 anos no local. O conselho informou que, nos últimos anos, seis índios morreram devido à vulnerabilidade que vivem na beira da estrada.
Em agosto, um incêndio, que teria iniciado no canavial da propriedade, atingiu cerca de mil hectares da terra e se alastrou para o acampamento, destruindo barracas e pertences dos indígenas. A causa do incêndio ainda não foi confirmada. Os indígenas temem uma retaliação por parte dos fazendeiros e, especialmente, de empresas de segurança privadas que prestam serviço a eles.
– As autoridades têm que saber o que está acontecendo aqui. Nós precisamos de proteção para não acontecer coisa ruim de novo. A comunidade tem que ficar protegida aqui no tekoha [território tradicional]. Nós estamos rezando pela nossa proteção. Nós não vamos sair – diz um indígena.