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Índios fazem enterro simbólico de políticos em Brasília

Lideranças indígenas entregaram lista de prioridades a parlamentares, pedindo a paralisação de várias propostas em tramitação no CongressoEm manifestação contra propostas que pretendem mudar as regras das demarcações de terras indígenas, um grupo de cerca de 200 índios realizou nesta quinta, dia 3, no gramado em frente ao Congresso Nacional, o enterro simbólico da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, da presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (PSD-TO), do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. O ato faz parte da Semana de Mobilização Indíge

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Os índios entregaram a um grupo de parlamentares uma carta pedindo a imediata paralisação de várias propostas em tramitação no Congresso, entre elas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere do Executivo para o Congresso a prerrogativa de demarcação de terras indígenas.

– Nós, caciques e lideranças indígenas de todo o Brasil, mobilizados em Brasília e simultaneamente em vários Estados, repudiamos de público os ataques orquestrados pelo governo da presidente Dilma Rousseff e parlamentares, maioritariamente ruralistas do Congresso Nacional, contra os nossos direitos originários e fundamentais, principalmente os direitos sagrados à terra, territórios e bens naturais garantidos pela Constituição Federal de 1988 – diz trecho da carta, assinada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

Apesar de pacífica, a manifestação foi acompanhada por centenas de policiais militares, que fizeram um cordão de isolamento próximo ao espelho d’água em frente ao Congresso para impedir a passagem dos índios.

Outra proposta que preocupam os índios é a que prevê que os interesses da Política de Defesa Nacional devem ficar acima do uso de terras indígenas (Projeto de Lei Complementar (PLP) 227/12). Sônia Guajajara, da Coordenação Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), considera o projeto ainda mais danoso do que a PEC 2015.

– Ele trata do interesse relevante para a União, e o que eles estão considerando como relevante é transferir um bem público em interesse privado. Por isso, nós estamos aqui não mais com foco na PEC 215, mas também de arquivar o PLP 227 – afirmou.

Outras reivindicações contidas no documento foram o arquivamento das PECs 237/13, que permite a posse indireta de terras indígenas por produtores rurais, e 38/99, que tramita no Senado e submete àquela Casa as demarcações de terras indígenas; e do PL 1610/96, que regulamenta a mineração em terras indígenas; revogação das portarias 419/11, 303/12 e 2498/11, e do Decreto 7957/13; retomada imediata da demarcação de todas as terras indígenas, assegurando proteção, desintrusão e sustentabilidade; e fortalecimento da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Estavam presentes ao encontro com os indígenas os deputados Lincoln Portela (PR-MG), Janete Capiberibe (PSB-AP), Benedita da Silva (PT-RJ), Amauri Teixeira (PT-BA) e Domingos Dutra (PT-MA).

Sede da CNA ocupada

Na tarde desta quinta, dia 3, os índios que ocuparam parte do prédio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. Os indígenas chegaram à sede da CNA por volta das 16h30, onde permaneceram por mais de uma hora. Por volta das 17h30, os 500 manifestantes, conforme estimativa da CNA, deixaram o local de forma espontânea e pacífica.

De acordo com Sônia Guajajara, da coordenação da Apib, o protesto é direcionado à CNA e à bancada ruralista no Congresso, da qual a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da confederação, faz parte. Alguns dos índios que participaram da ocupação disseram à Agência Brasil que não houve violência ou depredação, o que foi confirmado por um funcionário da portaria do prédio.

Em nota, porém, o CNA diz que os manifestantes “arrombaram um dos portões que dão acesso ao prédio” e, ao entrar no saguão, “intimidaram não só a segurança e os funcionários da Casa, como também os visitantes que participavam de reuniões técnicas nas dependências da CNA”.

De acordo com a confederação, Kátia Abreu não se encontrava no prédio por estar cumprindo agenda oficial em Palmas, capital do Tocantins.

Pressão no Congresso

Na terça, dia 2, representantes de 31 etnias indígenas reuniram-se com o presidente em exercício da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), e diversos deputados para apresentarem suas principais reinvindicações ao parlamento. Durante o encontro, que foi promovido pela Comissão de Legislação Participativa, os índios reclamaram das propostas em tramitação no Congresso, por considerá-las prejudiciais aos povos indígenas.

No primeiro dia de manifestações, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, adiou a tramitação da PEC 215.

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