Índios pedem apoio em Londres para garantir posse de Raposa do Sol

STF deve se pronunciar em agosto sobre recurso contra homologação da reservaOs índios Pierangela Nascimento da Cunha, da tribo wapixana, e Jacir José de Souza, da tribo macuxi, denunciaram nesta segunda-feira, dia 23, em Londres (Inglaterra) os problemas que seu povo sofre na região da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. Eles denunciaram sofrer ameaças de fazendeiros que tentam expulsá-los de seu território legal.

Procedentes da Espanha, onde iniciaram sua turnê européia, Cunha e Souza, porta-vozes da campanha Anna Pata, Anna Yan (Nossa Terra, Nossa Mãe), se reunirão nesta terça, dia 24, com várias autoridades britânicas para pedir que intercedam em seu favor junto à Justiça brasileira, que determinará o futuro dos habitantes da reserva.

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve se pronunciar em agosto sobre um recurso apresentado por proprietários, parlamentares e o próprio governo de Roraima contra o decreto de homologação da Raposa Serra do Sol, assinado em 2005 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que garantia aos indígenas os direitos sobre suas terras.

O decreto consagrava a propriedade dos nativos sobre um território de 1,6 milhão de hectares (7% do Estado), que faz fronteira com a Venezuela e Guiana, e fixava o prazo de um ano para a saída dos “ocupantes não indígenas”.

Desde a assinatura do documento, os ocupantes da região ? seis empresas do setor de arroz apoiadas, segundo os nativos, pela oligarquia local ? não se retiraram e continuam expandindo suas plantações, inclusive com o uso da força, conforme denúncias dos próprios índios.

? Caso o STF decida a favor dos ocupantes isto estabelecerá um grave precedente para o resto de indígenas do Brasil, que neste caso se uniram em defesa de seus colegas da Raposa Terra do Sol ? disse Cunha em entrevista à Agência EFE ao apresentar sua campanha internacional.

Além dos macuxi e dos wapixana, vivem em Raposa Serra do Sol os taurepang, os patamona e os ingarikó, divididos em 194 comunidades com um total de 19 mil pessoas. Conforme Souza, eles têm pequenos cultivos de milho, arroz, mandioca e banana, cerca de 35 mil cabeças de gado.