Procedentes da Espanha, onde iniciaram sua turnê européia, Cunha e Souza, porta-vozes da campanha Anna Pata, Anna Yan (Nossa Terra, Nossa Mãe), se reunirão nesta terça, dia 24, com várias autoridades britânicas para pedir que intercedam em seu favor junto à Justiça brasileira, que determinará o futuro dos habitantes da reserva.
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve se pronunciar em agosto sobre um recurso apresentado por proprietários, parlamentares e o próprio governo de Roraima contra o decreto de homologação da Raposa Serra do Sol, assinado em 2005 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que garantia aos indígenas os direitos sobre suas terras.
O decreto consagrava a propriedade dos nativos sobre um território de 1,6 milhão de hectares (7% do Estado), que faz fronteira com a Venezuela e Guiana, e fixava o prazo de um ano para a saída dos “ocupantes não indígenas”.
Desde a assinatura do documento, os ocupantes da região ? seis empresas do setor de arroz apoiadas, segundo os nativos, pela oligarquia local ? não se retiraram e continuam expandindo suas plantações, inclusive com o uso da força, conforme denúncias dos próprios índios.
? Caso o STF decida a favor dos ocupantes isto estabelecerá um grave precedente para o resto de indígenas do Brasil, que neste caso se uniram em defesa de seus colegas da Raposa Terra do Sol ? disse Cunha em entrevista à Agência EFE ao apresentar sua campanha internacional.
Além dos macuxi e dos wapixana, vivem em Raposa Serra do Sol os taurepang, os patamona e os ingarikó, divididos em 194 comunidades com um total de 19 mil pessoas. Conforme Souza, eles têm pequenos cultivos de milho, arroz, mandioca e banana, cerca de 35 mil cabeças de gado.