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Índios protestam em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília

Manifestantes são contrários à minuta de uma portaria que divide o poder da Funai com outros órgãos para demarcar terras indígenas no BrasilCerca de 1,2 mil índios de diversas etnias protestaram em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, na manhã desta quarta, dia 4. O movimento indígena é contrário à minuta de uma portaria criada pelo Ministério da Justiça que estabelece instruções para execução do procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas previsto no Decreto 1.775/96. O texto abre possibilidade de participação de entidades civis, diferentes órgãos do governo federal, Estados e municípios na demarcação de te

Ao perceber a chegada dos índios, seguranças fecharam todas as portas de acesso ao Palácio do Planalto. Os índios rodearam o edifício e tentaram passar pela entrada lateral. Fazendo barulho e carregando faixas com pedidos de “demarcação de terra urgente”, alguns manifestantes forçaram a passagem, entrando em confronto com a segurança. Alguns seguranças chegaram a usar spray de pimenta para dispersar o grupo.

Após cerca de meia hora no local, parte do grupo seguiu para o Congresso Nacional. Outra parte se reuniu diante do Ministério da Justiça, impedindo o acesso dos servidores que chegavam.

Os manifestantes participam da Conferência Nacional de Saúde Indígena, que ocorre em Brasília até o final desta semana, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB). O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informou na terça, dia 3, que cerca de 1,7 mil indígenas realizariam uma manifestação no CICB nesta quarta.

– Contrariamente às alegações do governo, a dita portaria eterniza a não demarcação de terras indígenas, fragiliza por vez a Funai, e desenha um quadro assustador de acirramento de conflitos – diz trecho de nota publicada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

De acordo com o Cimi, para lideranças indígenas, a portaria, se publicada, inviabilizará o direito constitucional à terra tradicional. 

Em maio, ao participar de audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, Gleisi Hoffmann disse que a proposta melhoraria os procedimentos demarcatórios, hoje a cargo exclusivamente da Funai, o que, segundo a ministra, compromete a atuação do Estado, já que a fundação é a responsável por promover e defender os direitos indígenas.

– É uma iniciativa para melhorar os procedimentos. Precisamos ter informações para qualificar a tomada de decisões. Vamos ouvir e considerar nos estudos, além da Funai, os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, das Cidades, entre outros órgãos, para termos uma base consistente para os estudos de demarcação – disse Gleisi, durante o debate.

Ministério da Justiça vai ouvir os índios

Em nota, o Ministério da Justiça explicou que a portaria tem o objetivo de solucionar os conflitos com produtores rurais nos processos de demarcação de terras indígenas.

No comunicado, o ministério esclareceu que índios, entidades indigenistas, órgãos governamentais e associações de agricultores podem apresentar sugestões que vão ser levadas em conta na redação final da portaria, argumentando que o rascunho foi apresentado justamente para fomentar o debate público.

Não há definição sobre a audiência pedida ao Ministério da Justiça pelos índios, que se dispersaram após o protesto no local. De acordo com o Ministério, a intenção da portaria em estudo é “dar poderes” à Funai para que ela possa “mediar os conflitos envolvendo a demarcação de terras indígenas”. Além disso, a nova regulamentação permitirá a participação de outros órgãos interessados, aumentando a transparência no processo demarcatório.

– A expectativa do Ministério da Justiça é que o novo procedimento reduza a judicialização e, com isso, agilize a demarcação de terras indígenas em todo o país – informa a nota.

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