Normalmente, a diminuição nos abates em janeiro e fevereiro é menor do que esse percentual, ficando ao redor de 10%.
? A diferença deste ano é que, além de equacionarmos a oferta à demanda, sempre menor no período de férias, temos de nos adequar ao cenário da crise ? diz José Eduardo dos Santos, secretário-executivo da Asgav.
Nas granjas, a redução já começou a ser sentida mês passado e deve se intensificar neste, com a entrega de menos pintos para criação. No entanto, os números de abate e exportação de 2008 não devem ser impactados, pois os negócios já estão fechados. A entidade calcula que o abate de aves deverá ficar em torno de 790 milhões de unidades no Rio Grande do Sul neste ano, 8% maior do que em 2007. Já os embarques devem somar 785 mil toneladas de carne de frango para mais de 140 países: crescimento em torno de 13%.
Especialista estima queda nas vendas externas
O cenário negativo fica mesmo para o ano que vem, concorda o analista da consultoria Safras & Mercados Paulo Molinari. Para ele, no primeiro semestre de 2009, o mercado interno se manterá firme, mas haverá queda nos negócios internacionais. A projeção do especialista é de redução de 20% nos embarques e de uma diminuição na mesma proporção dos preços internacionais, em dólares.
? A desvalorização do real servirá apenas para equilibrar um pouco essa perda ? afirma.
De acordo com Santos, a redução de produção será discutida no Avisulat, evento que reúne cadeias produtivas de aves, leite e suínos, de 19 a 21 deste mês, em Bento Gonçalves. O diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos (Sips), Rogério Kerber, informa que o setor não diminuirá a produção:
? Para a suinocultura, isso é muito mais complicado, até porque nosso ciclo é mais longo. Levariam 10 meses entre a decisão e a redução de abates. Estamos com uma boa demanda, as exportações continuam estáveis e deverá haver crescimento de 3% a 4% na produção de 2008.
Em Santa Catarina, a Aurora deu férias coletivas em sua filial de Joaçaba, mas Kerber explica que o procedimento tem mais relação com a demora na reabilitação da planta para o mercado russo.