Ono acredita que o aumento abrupto do preço do etanol foi causalidade de final e início de safra e que atualmente os preços já estão mais perto da normalidade, pelo menos para o produtor.
Segundo ele, o governo precisa olhar para o setor e criar mecanismos que incentivem essa retomada de investimentos, não apenas quanto à concessão de crédito, como também uma política mais clara, além de soluções que ajudem o setor a vencer dificuldades como o custo de produção crescente a cada ano.
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), já no início da safra 2011/2012 as unidades produtoras estão dando prioridade ao etanol, mostrando que o setor está de fato comprometido em alcançar a normalidade da oferta.
A produção reflete nos preços do etanol, que vem apresentando consecutivas quedas. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do etanol hidratado na região Centro-Sul caiu 9,12% entre os dias 9 e 13 de maio, em relação à semana anterior. O do etanol anidro, 24,7%.
Apesar dos esforços para aumentar a produtividade, faltam usinas no país para absorver essa demanda. Parte do déficit se deve ainda aos impactos da crise de 2008, que estacionou os investimentos no setor, e aos próprios resultados da safra 2010/2011, prejudicada pela seca, o que implica na baixa concentração de sacarose e na produtividade agrícola.
Para o analista da Ativa Corretora, Ricardo Correa, o momento sinaliza um reflexo favorável para as empresas do setor.
? Essa pressão política tende a surtir um efeito positivo, especialmente agora que o etanol é considerado estratégico, deixando o crédito mais barato. O preço do produto não deve alterar em função disso ? diz.
Quanto à expectativa para a safra 2011/2012, que já está sendo colhida, Ono afirma que ela ainda não deve atingir a produtividade ideal, mas a oferta deve ser levemente superior a de 2010/2011. A possibilidade de nova importação de etanol não estaria descartada numa próxima entressafra.
De acordo com o professor titular da FEA/USP, Marcos Fava Neves, o déficit de etanol no país corresponde a cinco bilhões de litros. Se novas usinas não entrarem em operação, e mantendo o volume de cerca de dois mil novos carros flex entrando em circulação por ano, esse déficit deve subir para 10 bilhões de litros até o final do ano.
? Para zerar a demanda, 36 novas usinas teriam que entrar em operação até o final de 2011, apenas para atender a demanda interna de etanol ? diz Neves.