Em função da crise financeira mundial, o consumo nacional de gás natural perdeu força. Depois do recorde registrado em outubro, quando a demanda diária chegou a 37,8 milhões de metros cúbicos de gás destinado ao segmento não-térmico (que exclui o gasto das termelétricas a gás natural), o consumo despencou nos meses seguintes.
A Petrobras reduziu de 30 milhões de metros cúbicos por dia para cerca de 20 milhões a importação do gás boliviano.
Em dezembro do ano passado, a indústria brasileira já havia reduzido em pelo menos 20% o consumo diário de gás natural.
Em volume, a retração registrada significa uma queda de cinco milhões de metros cúbicos por dia, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
A demanda de Gás Natural Veicular (GNV) também registrou forte queda, em torno de 15%.
Queda da tarifa é prevista para abril
Segundo o presidente da SCGás, Ivan Ranzolin, o consumo médio diário no Estado caiu de 1,680 milhão de metros cúbicos, em outubro, para 1,450 milhão de metros cúbicos atualmente, uma redução da ordem de 13,7%.
? Tivemos uma redução global, da indústria e do GNV, mas por problemas pontuais. Ficamos 21 dias sem vender com a interrupção no fornecimento por causa da explosão no gasoduto. Apesar desta queda, não tivemos solicitações de redução no consumo industrial ? destacou o presidente da distribuidora catarinense.
Ranzolin antecipou que a SCGás deve reduzir a tarifa em abril, mas não pela queda no consumo, que segundo ele, se normalizará, mas pela redução do preço do petróleo no mercado internacional, que deve chegar a 20% no segundo trimestre deste ano.
Cerâmica enfrenta demanda retraída
O setor cerâmico, responsável por 49% do consumo de gás natural em Santa Catarina, de fato reduziu o consumo, conforme o presidente do Sindicato das Indústrias de Revestimento Cerâmico do Sul do Estado (Sindiceram), Otmar Müller. O motivo apontado pelo empresário é a demanda retraída.
? Mas não foi apenas a indústria cerâmica. Temos informações de que o setor metalúrgico do Norte de SC também reduziu o consumo. O nosso setor ainda está tentando parcelar o pagamento por causa da interrupção no fornecimento em 2008. Esperávamos uma resposta da Petrobras ontem (quinta-feira), mas ainda não temos nada concreto ? destacou o presidente do Sindiceram.
Ranzolin ressaltou que a Petrobras pediu mais documentos para analisar o pedido de parcelamento do setor cerâmico. O presidente da SCGás acredita que, na próxima semana, já terá uma resposta positiva da estatal.