O interesse em investir se mantém, principalmente pela necessidade de aumento de produtividade, mas o ritmo da renovação do maquinário tende a cair, segundo representantes do setor.
– Não se espera que os produtores parem de comprar, apenas cautela nas decisões – resumiu o coordenador econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Conchon.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) só deve divulgar em janeiro sua estimativa para as vendas em 2014, já considerando que os últimos meses não foram tão positivos quanto a entidade previa no começo do ano. A projeção era de crescimento de 1,1% nas vendas no ano passado, para 84 mil unidades, ante as 82.992 máquinas vendidas no ano anterior, o recorde do setor. Mas até novembro o número não passava de 64.360 máquinas e a avaliação é de que dezembro não traria volume a ponto de alterar muito o resultado.
A expectativa é de vendas ainda abaixo de 70 mil unidades em 2014, resultado próximo ao de 2012. A Tendências Consultoria, por exemplo, trabalha com uma queda de 14,9% nas vendas no ano que terminou, e estabilidade em 2015.
Ao longo de 2014 a indústria reclamou do atraso na regulamentação do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que ocorreu apenas no fim de janeiro passado, retardando o fechamento dos negócios com máquinas. Para 2015, foi confirmada em 19 de dezembro a manutenção da linha de crédito, mas a taxas mais altas e prazo de pagamento e total financiável menor. Os juros no financiamento de máquinas agrícolas serão de 7% a 9,5%, ante os 4,5% a 6% até o fim de 2014.
No início de dezembro a vice-presidente da Anfavea, Ana Helena de Andrade, amenizava o possível impacto que a demora na definição do PSI poderia ter sobre as vendas de máquinas. Ela destacou o fato de que há agora o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), retomado no último Plano Safra, que assegura linha de financiamento em todo o período 2014/15 e não apenas no ano civil, caso do PSI.
– Não teremos uma crise de transição. É um cenário diferente do ano passado – afirmou.
O governo manteve as taxas de juros do Moderfrota em 4,5% a 6% até o fim do ano safra atual, em 30 de junho de 2015.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) assegurou a taxa de 4,5% ao ano e 6,0% ao ano, respectivamente, para o produtor rural cuja renda anual é de até R$ 90 milhões e superior a R$ 90 milhões. Os prazos de reembolso mantiveram-se em até oito anos para aquisição de itens novos e em até quatro anos para os usados.
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), por outro lado, ainda teme o efeito do esperado ajuste nos juros das linhas de financiamento. No começo de dezembro, o vice-presidente da entidade, João Carlos Marchesan, afirmou esperar um “solavanco” nas vendas com o aumento do custo do crédito.
Apesar da preocupação com o custo do financiamento, Marchesan acredita que o movimento de renovação do maquinário persiste, lembrando que a frota tem 15 anos, em média. Segundo ele, dadas a necessidade de produtividade, de adoção de novas tecnologias e a agricultura de precisão, o ideal seria que a máquina no campo tivesse idade média de cinco a seis anos.