– O governo está atento ao impacto inflacionário – disse nesta quinta, dia 17, o presidente da Abitrigo, Sergio Amaral, para justificar sua expectativa de que a retirada do imposto deva acontecer.
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Neste ano, até o momento, foi liberada a compra de 2,7 milhões de toneladas sem o imposto, volume que o próprio governo cogita aumentar devido ao atraso na oferta de trigo do Mercosul e à necessidade de abastecimento dos moinhos. A Abitrigo espera a concessão de mais 600 mil toneladas com TEC zero até 30 de novembro.
– É um pedido, sobretudo, para atender a demanda da indústria do Norte e do Nordeste – disse Amaral. Ele contou ter conversado ontem com o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, e que o governo está monitorando a questão.
Nos cálculos da Abitrigo, o Brasil deve colher em 2013 4,9 milhões de toneladas do cereal, a Argentina, 10,3 milhões de toneladas, o Paraguai, 900 mil ton, e o Uruguai, 1,3 milhão de toneladas, num total de 17,4 milhões de toneladas para um consumo do bloco estimado em 19,9 milhões de toneladas. Só o Brasil deve consumir 12,2 milhões de toneladas, sendo 10,8 a 11 milhões de toneladas para moagem (a diferença se refere a sementes destinadas ao plantio da safra seguinte), portanto responderá por todo o volume de 2,5 milhões de adicionais – os outros três países do Mercosul produzem mais trigo do que consomem.
Por conta da menor produção do bloco neste ano, em decorrência de problemas climáticos, os Estados Unidos tendem a ser os principais fornecedores do cereal a ser adquirido pelos moinhos no Hemisfério Norte no próximo ano. Nos últimos três meses é no mercado norte-americano que a indústria moageira nacional vem se abastecendo. Mas, de acordo com Amaral, a Rússia desponta como um possível mercado, já tendo sinalizado disposição para vender ao país. Tanto que representantes russos estarão no 20º Congresso Internacional do Trigo, que a indústria brasileira promove na segunda, dia 21, e terça, 22, na Ilha de Comandatuba, na Bahia.
O encontro dos moinhos neste ano terá como foco a qualidade e a diversificação da produção, integrando a cadeia, em especial o setor panificador, para o qual a indústria destina 50% de toda a farinha fabricada. Lembrando que as padarias brasileiras ampliaram seu portfólio de produtos e de serviços, Amaral diz que também nos Estados Unidos e na Europa a oferta do produto nacional está sendo rediscutida e essa experiência deve ser conhecida durante o congresso.
Na reunião também estarão representantes do setor produtivo da Argentina e do Brasil.
– Queremos ter maior previsibilidade [de oferta] do Mercosul – diz Amaral.
Para ele, a incidência da TEC provoca diferenças competitivas entre os moinhos brasileiros – com vantagem para os que estão localizados mais próximos da região produtora, no caso o Sul do Brasil. Outra questão que deverá ser debatida com o ministro Antônio Andrade, que já confirmou presença no congresso, é a logística. O executivo destaca que o custo da cabotagem faz com que o trigo paranaense chegue ao moinho de Fortaleza, no Ceará, a um preço 40% superior ao desembolsado pelo produto argentino.
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