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Infestação de ferrugem asiática é a pior das últimas quatro safras

Neste ano, um único município registrou mais casos de ferrugem que vários estados inteiros do país

Daniel Popov, de São Paulo
Desde o inicio da safra os pesquisadores da Embrapa Soja alertavam para a possibilidade de a doença se alastrar de maneira preocupante no país nesta temporada 2016/2017. Ao que parece a apreensão se mostrou acertada e o número de ocorrências de ferrugem asiática no país superou a casa dos 415 casos registrados. Pior resultado desde a temporada 2012/2013. Para piorar a situação, um estudo garante que em algumas áreas os mecanismos de controle foram mal usados e estão perdendo eficácia, o que pode agravar a situação nas próximas safras.

Desta vez o estado que mais registrou casos de ferrugem foi o Rio Grande do Sul, com 115 ocorrências, 34% a mais que no ano passado. Neste ano, os municípios que mais apresentaram a doença foram: Passo Fundo, Júlio Castilhos e Ipiranga do Sul com cinco casos cada um.

O Paraná aparece na sequencia com 87 ocorrências de ferrugem, uma redução de 18% se comparado com os 106 casos registrados no ano passado. O município de Ventania foi o que mais apresentou casos da doença nesta temporada no estado, com 9 registros. Tibagi também apresentou muitos problemas com 8 casos.

Mas, o destaque negativo neste quesito aconteceu no município de Chapadão do Sul, no Mato Grosso do Sul, que registrou nada mais nada menos que 36 casos da doença. Para se ter uma ideia esse montante representa mais do que os casos registrados a maioria dos estados, como a Bahia (32), Goiás (17), Maranhão, (9), Mato Grosso (34), Minas Gerais (2), Piauí (6), Rondônia (1), Santa Catarina (3) e São Paulo (4). No ano passado o município com mais registros não superou 20 registros.

ferrugem asiatica por municipio

Resistência à doença

Um comitê que monitora a resistência do fungo Phakopsora pachyrhizi (causador da ferrugem-asiática) a fungicidas, chamado Fungicide Resistance Action Committee (FRAC), compartilhou com a sociedade científica os resultados parciais do monitoramento de fungicidas Inibidores da Succinato Desidrogenase (ISDH, “carboxamidas”), usados no Brasil.

O documento relata que, em áreas com histórico de uso intensivo de ISDHs e em condições de alta pressão de doença, foram detectados casos de redução de eficiência desses fungicidas. Em adição, a caracterização inicial das populações do fungo coletadas em 2015/2016.

Esses resultados corroboram o que já vinha sendo falado, ou seja, a redução parcial de eficiência observada para alguns fungicidas contendo ISDH nos ensaios cooperativos realizados pelo Consórcio Antiferrugem, em andamento, no Estado do Paraná.

Segundo a FRAC isso ressalta a necessidade urgente de adoção de estratégias que visem reduzir a pressão de seleção de resistência, uma vez que esses isolados ainda estão restritos a algumas áreas. Um dos principais fatores que ocasionam a seleção de populações do fungo resistentes aos fungicidas é o uso do mesmo produto em aplicações sequenciais e o excessivo número de aplicações.

Dessa forma, a adoção de estratégias de manejo da doença como a redução do número de aplicações por meio de estabelecimento de janelas de semeaduras já adotadas nos Estados do MT, GO, PR e TO podem contribuir para atrasar esse processo de seleção. Como o fungo se espalha pelo vento, é necessário que essa estratégia seja adotada por outros Estados e também países vizinhos.

Risco

O grande risco de perder a eficiência dos fungicidas hoje disponíveis é que não há nenhum novo modo de ação para introdução no mercado nos próximos anos. Em função de ser um processo natural, é quase certo que a resistência à maioria dos novos fungicidas sítio-específico vai ocorrer. No entanto, a vida útil pode ser prolongada com o uso racional e a adoção de boas práticas agrícolas.

Para ferrugem, essas boas práticas devem incluir todas as estratégias disponíveis incluindo a adoção do vazio sanitário, a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada, a redução da janela de semeadura, o monitoramento da lavoura desde o início do desenvolvimento da cultura, a utilização de fungicidas no aparecimento dos sintomas ou preventivamente e a utilização de cultivares resistentes.

No controle químico da ferrugem, deve ser priorizada a utilização de misturas comerciais de fungicidas contendo dois ou mais modos de ação e a utilização de fungicidas multissítios. Em razão da importância da cultura da soja no agronegócio nacional e do risco que a resistência do fungo P. pachyrhizi representa para sustentabilidade dessa cultura, o Consórcio Antiferrugem e a Embrapa alertam para a necessidade de adoção de todas as medidas possíveis que possam atrasar o processo de seleção de resistência.

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