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ANÁLISE

Inflação dos alimentos: solução passa por ajuste fiscal e infraestrutura

Alta do preço preocupa governo, que avalia medidas como redução de tarifas, investimentos em infraestrutura e Plano Safra mais robusto

alimentos da cesta básica
Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Diante de um cenário de pressão na inflação, o governo estuda alternativas para reduzir os preços dos alimentos e conter os impactos econômicos. Entre as principais propostas, estão a redução de tarifas de importação, investimentos em infraestrutura logística e um Plano Safra mais robusto. 

No entanto, especialistas alertam que soluções de curto prazo têm efeito limitado e que ajustes estruturais seriam necessários para um controle mais eficaz da inflação.

Redução de tarifas tem impacto limitado

Uma das medidas em discussão é a redução temporária das tarifas de importação para determinados produtos alimentícios, com o objetivo de aumentar a oferta e equilibrar os preços internos em relação ao mercado internacional. A hipótese foi levantada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Segundo Sérgio Vale, professor do Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA), porém, a eficácia dessa estratégia é questionável. “As tarifas de importação de alimentos já são relativamente baixas. A maior pressão sobre os preços está relacionada a fatores como oferta e condições climáticas”, avalia.

Além disso, ele destaca que o histórico de reduções tarifárias, como no caso do trigo, não teve impacto significativo sobre a inflação.

“O que realmente faria diferença seria um ajuste fiscal mais forte, o que permitiria uma taxa de câmbio menos pressionada e reduziria a inflação de maneira mais consistente”, completa.

Infraestrutura como solução de longo prazo

O governo também estuda medidas para melhorar a infraestrutura logística do país, incluindo a modernização de rodovias, portos e incentivos ao uso de ferrovias e hidrovias. Essas iniciativas têm como objetivo reduzir os custos de transporte, que impactam diretamente o preço final dos alimentos.

Na avaliação de Vale, a medida é positiva, mas os efeitos só serão percebidos a médio e longo prazo.

“Investir em logística é essencial para reduzir custos, melhorar a competitividade do setor agropecuário e garantir um escoamento mais eficiente da produção. No entanto, os impactos dessas melhorias não serão imediatos”, diz o professor.

Plano Safra mais robusto, mas com desafios

Outra frente de atuação do governo é o reforço ao Plano Safra em 2025. Nesta semana, o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, disse que a implementação de taxas de juros diferenciadas para o próximo plano agrícola estão sendo estudadas pela pasta. 

Apesar disso, o cenário de juros elevados no Brasil pode dificultar o acesso ao crédito para os produtores. “A Selic provavelmente estará em um patamar elevado no momento do lançamento do novo Plano Safra, o que pode tornar o financiamento da produção mais caro”, alerta. 

Para o economista, um ajuste fiscal consistente seria necessário para viabilizar taxas de juros menores e garantir um ambiente mais favorável para os produtores.

Perspectivas para o controle da inflação

Para além do que está sendo discutido pelo governo, a inflação dos alimentos também é impactada por fatores como variações cambiais e condições climáticas. De acordo com especialistas, essas questões estão fora do controle direto do governo, tornando essencial um planejamento econômico mais sólido.

“O melhor caminho para controlar a inflação de alimentos é garantir um cenário econômico mais estável, com equilíbrio fiscal e previsibilidade nas políticas econômicas”, afirma. O economista ressalta ainda que sem essas medidas, o risco é que o Brasil continue enfrentando juros elevados, crescimento econômico fraco e inflação persistente nos próximos anos.

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