Duas visitas por semana são mais que suficientes para Maria Beatriz Costa Gomes ter todo o controle e planejamento de sua fazenda. A pecuarista de Uberaba cria gado girolando há 17 anos. Os 400 animais ficam na propriedade e Beatriz fica em seu escritório, há quase 20 quilômetros, mas por dentro de tudo o que acontece lá.
?No começo nós fazíamos tudo manualmente, mas assim que o rebanho foi crescendo, foi exigindo uma técnica e passamos a usar os programas.
Basta jogar algumas informações no sistema para receber relatórios técnicos da produção. Beatriz acompanha, por exemplo, o período de cria, o intervalo entre os partos e pode programar as inseminações.
? Eu acho que é uma ferramenta fundamental para o gerenciamento da propriedade.
Gerenciar a propriedade a distância é a última moda entre os softwares agrícolas. É também a especialidade da empresa criada há um ano por um grupo de amigos recém formados pela USP. Juntando conhecimentos de agronomia e informática, eles desenvolveram um sistema completo de monitoramento.
As tendências dos programas de informática para agronegócio viraram objeto de pesquisa. A Embrapa Informática Agropecuária começou em 2008 a traçar um panorama do mercado de software agrícola no país. E o resultado do estudo virou um portal de internet.
A Embrapa identificou 437 softwares criados por 147 empresas no país. Cerca 90% dos programas são voltados para gerenciamento e administração de propriedades rurais.
Mas o aumento da oferta de softwares para agricultura não quer dizer, necessariamente, melhoria da qualidade dos programas. Maria Beatriz, mesmo com as tecnologias, ainda tem dificuldades.
? Seria importante as empresas que desenvolvem esses programas trabalharem mais, ir a campo, conhecer a realidade do produtor para adequar.
A próxima tarefa da Embrapa é estudar a demanda pelos softwares. E aí, quem sabe, alinhar as modernas ferramentas que existem hoje no mercado com as necessidades do campo.