Para o governador Beto Richa, a infraestrutura de transporte e logística é o grande gargalo para o crescimento da economia do Paraná. Ele disse que vai atacar o problema e anuncia investimento de R$ 1 bilhão na modernização do Porto de Paranaguá. O governador também fala da implantação de programas sociais para melhorar a vida de famílias em situação de vulnerabilidade social e de saneamento das contas públicas.
São prioridades, segundo o governador, a revisão de contratos, convênios e outros atos de governo que comprometem o orçamento. Dados da aecretaria da Fazenda apontam que a atual administração assumiu o governo com um furo contábil de R$ 80 milhões nas contas referentes ao último quadrimestre de 2010. São R$ 159 milhões de restos a pagar, para os quais o governo anterior não deixou previsão financeira, conforme afirma Beto Richa.
Agência Brasil ? Pelo que o senhor levantou até agora, dá para prever cortes no orçamento?
Beto Richa ? Estamos fechando o balanço do primeiro trimestre e ainda não é possível afirmar como vai ficar o orçamento. O que determinamos é um corte de 15% no custeio da máquina. Não é nosso objetivo efetuar cortes orçamentários, mas fazer readequações de investimentos.
ABr ? Como combater a desigualdade social no Estado? Já existem projetos nessa área?
Richa ? Ao expor o nosso plano de trabalho, sinalizamos com muita clareza as áreas que terão primazia: educação, saúde, segurança pública e proteção social. Esses setores apresentam problemas crônicos que exigem grandes investimentos do estado, mas que não se equacionam apenas com recursos orçamentários. É essencial qualificar a gestão, fixar metas a serem atingidas e monitorar seu rigoroso cumprimento. Na área de assistência social, temos muitos planos e projetos. Até aqui, o governo estadual estava remediando os problemas. Nós queremos atuar na prevenção. Para isso, vamos implantar programas como o Família Paranaense, que visa a melhorar as condições de vida das famílias com maior grau de vulnerabilidade social. A ideia é tirar famílias da situação de pobreza para que tenham independência e escolham as próprias ações, sem necessitar da tutela do Estado.
ABr ? A infraestrutura e a logística do Estado deveriam estar a serviço das pessoas e das duas atividades cotidianas, sintonizadas com as demandas da população. A afirmação está em seu programa de governo. Já está em prática?
Richa ? Sim, tanto que atacamos de imediato a questão da infraestrutura de transporte e logística, gargalo que prejudica a nossa produtividade. Tomamos medidas para recuperar as condições operacionais do Porto de Paranaguá com a dragagem do cais de atracação. Tão logo tenhamos a licença ambiental, lançaremos a licitação para a dragagem de manutenção do canal de aproximação. O projeto de ampliação e modernização dos portos de Paranaguá e Antonina prevê investimentos de R$ 1 bilhão. Eles serão feitos com recursos próprios e do governo federal, além da participação da iniciativa privada. Sabemos que está em jogo, aqui o resgate da credibilidade do Porto de Paranaguá e, para isso, iremos até as últimas consequências. Numa outra vertente, queremos o Estado como indutor do desenvolvimento sustentável. Na área de infraestrutura, temos a Copel e na Sanepar, instrumentos estratégicos. As duas estatais já estão se organizando para atuar em conjunto, numa parceria inédita para o Paraná. Isso envolve, além de projetos de saneamento e energia, a implantação de uma rede de banda extralarga para facilitar o acesso à internet em todas as regiões e melhorar a comunicação de dados, que hoje é uma das condições vitais para a atração de investimentos.
ABr ? Como o senhor acha que deve ser discutida a reforma tributária?
Richa ? É a medida reestruturante mais urgente para o país. Temos que eliminar o cipoal de leis, regras, normas, impostos, taxas e contribuições que atrasa o nosso desenvolvimento, na comparação com as nações com as quais concorremos e, internamente, estimula a guerra fiscal entre estados. A presidente Dilma Rousseff já declarou que pretende encaminhar a questão da reforma tributária ainda este ano. Espero que isso se concretize para que o Brasil modernize seu arcabouço tributário. Não é uma tarefa simples, mas com a ampla maioria do governo no Congresso basta vontade política para fazer o projeto andar como prioridade e com celeridade.
ABr ? Muitas vezes, durante a campanha, o senhor falou em um novo jeito de governar. A condição para isso seria um bom relacionamento com o governo federal?
Richa ? Tenho certeza que essa relação será a melhor possível. Assim como aconteceu quando eu era prefeito de Curitiba, que foi uma das capitais que mais recebeu recursos federais nos últimos anos, vamos formar boas parcerias com a União, apresentando bons projetos para o Paraná. Minha convicção é que teremos o apoio necessário para reconduzir o Paraná para o caminho do crescimento econômico e desenvolvimento social.
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