– Apesar de não termos uma resposta positiva, sabemos qual é o posicionamento do governo federal: ele não vai abrir mão do que ele quer e nós não vamos abrir mão disso pelo que estamos lutando. Então, vamos retornar a nossas aldeias na quinta – comentou Valdenir Munduruku, um dos líderes do grupo, criticando a postura do governo.
Em entrevista concedida à Rádio Nacional Amazônia, Valdenir Munduruku disse que, apesar do convite feito pelo governo federal para que os índios viessem a Brasília negociar, as conversas não avançaram. Valdenir lembrou que após se reunir com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, o grupo ainda tentou, sem sucesso, ser recebido pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
– Em todos os ministérios a que fomos colocaram barreiras policiais para a gente não entrar. Se eles quisessem diálogo, teriam nos recebido e teríamos entrado em todos os ministérios que quiséssemos, até no Palácio do Planalto. Agora eles vão ter que ir lá para conseguir o que eles querem. E, da mesma forma que eles não estão nos recebendo aqui, a gente também não vai receber eles lá – ameaçou Valdenir.
O líder também comentou que o grupo espera se reunir, ainda na quinta, com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa. A intenção é pedir agilidade no julgamento de um dos três processos movido pelo Ministério Público Federal (MPF) no Pará para garantir que o governo federal consulte os povos indígenas sempre que um empreendimento impactar suas terras. A exigência consta da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário. A apreciação, pelo plenário da Corte, da ação movida em 2006 sobre os impactos causados pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte às comunidades que vivem próximas ao Rio Xingu deverá estabelecer parâmetros legais a serem cumpridos nestes casos.
– Estivemos ontem no Supremo para tentar falar com o ministro, mas não foi possível. O secretário de segurança então nos encaminhou e disse que, provavelmente, esse encontro aconteceria hoje [quarta] à tarde. Ainda estamos aguardando uma resposta, mas estamos com esperança de que o ministro receba uma comissão de dez pessoas – disse Valdenir, certo de que a decisão final da Justiça dará aos índios poder de vetar obras e iniciativas que considerem prejudiciais.
A assessoria do STF informou que Barbosa não tem reunião programada com os índios na quarta.