O agricultor Ricardo Meneghetti afirma que plantou 150 hectares de milho nesta safra. Com grande demanda, preços remuneradores e falta de espaço nos armazéns, ele aproveita para vender o milho estocado.
? O produtor precisa é de espaço para guardar os grãos de trigo e aveia que está começando a colher e os que virão de soja e milho que se está plantando. Como dispõe de pouco espaço, ele tem de se desfazer deste estoque para poder armazenar as próximas culturas ? diz.
As constantes alterações nos preços preocupam Meneghetti, que compara o gráfico de valores do milho com um eletrocardiograma, que oscila para baixo e para cima.
? Às vezes, ele está lá embaixo e outras lá em cima. Isso não beneficia a ninguém. Uma hora ganha o produtor de frango e em outro momento o de milho e nós não devíamos fazer isso, porque, na ponta, vai estourar. Temos que ter uma estabilidade de preço, demanda e produção e isso só acontecerá se unirmos todos os elos da cadeia. O maior beneficiado será o consumidor final ? aponta o produtor.
Um dos segmentos que mais sofrem com a variação de preços no mercado do grão é o setor produtivo do frango. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), Francisco Turra, a venda dos estoques restantes de milho é uma estratégia benéfica para toda a cadeia.
? Esse tipo de comercialização é muito bom. A cadeia toda deve ganhar bem. Por exemplo, produtor de milho recebendo preço vil é péssimo para nós também, porque isso dura pouco. Recebendo preço justo é como deve ser. A tendência é manter todas as commodities em um patamar elevado. Não imagino que teremos commodities a baixo preço nos próximos anos, porque há muita demanda no mundo e estoques baixos ? afirma.
Na opinião do presidente da Associação de Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho), Cláudio de Jesus, o Brasil precisa encontrar um caminho para não depender somente das exportações. Segundo, é necessário fortalecer também o mercado interno.
? O que está regulando o mercado hoje é um fator muito forte, que é a questão das exportações. Queremos que todos os produtores do Brasil discutam isso com as instituições que os representam e com o governo, para que fortaleçamos a cadeia. Não se pode ficar esperando pelo mercado externo. É preciso construir políticas estaduais e também uma nacional ? conclui Jesus.