Integração entre produtos biológicos e químicos é fundamental para a agricultura

Para o diretor da Basf, Marcelo Batistela, é preciso integrar e preservar as tecnologias atuais, já que não existe previsão de lançamento de novas tecnologias nos próximos anos

Daniel Popov, de São Paulo
Em tempos de altos custos de produção, problemas com plantas invasoras, pragas e doenças, mudanças climáticas e produtividades em baixa, uma discussão ganha força no campo: o de produtos biológicos para ajudar no manejo das lavouras. Em tese isso já acontece, mas em uma proporção muito menor do que deveria, aponta Marcelo Batistela, diretor de marketing da Basf. Segundo ele, daqui para frente à preocupação do agricultor deve ser no manejo e integração de todos os recursos disponíveis: biotecnologia, produtos químicos e biológicos, e assim obter o melhor desempenho possível.

“Não existe uma única ferramenta, que isolada, resolveria os problemas no campo”, esta frase de Batistela, resume o pensamento da empresa de que um agroquímico, ou produto biológico se usado isoladamente acaba perdendo sua eficácia, ou não conseguindo simplesmente alcançar um resultado satisfatório. “Vivemos um tempo em que a agricultura é extremamente intensiva, com duas, ou até três safras por ano. Isso significa uma ponte verde real, ainda mais em um clima tropical que não quebra o ciclo da doença, praga ou planta invasora”, diz o diretor da Basf. “Se somar tudo isso, o desafio fica ainda maior. E esta realidade certamente reduz a produtividade.”

Batistela explica que as tecnologias avançaram muito em potencial produtivo nos últimos tempos. Mas, com a intensificação da agricultura, muitos outros problemas surgiram e reduziram a produtividade, como a resistência de plantas daninhas, doenças e pragas aos produtos aplicados incorretamente. “Hoje, a taxa de resistência de plantas daninhas, doenças, fungos e pragas é cada vez maior. Muito mais rápido do que as empresas de pesquisa e desenvolvimento, na qual fazemos parte, conseguem trazer novas soluções em termos de modo de ações diferentes e que sobrepõe as questões de resistência”, conta.

Em uma conta rápida, o executivo acredita que não existe nenhuma perspectiva de surgir alguma nova tecnologia em pelo menos sete anos e cita o exemplo da ferrugem asiática, doença temida nas lavouras, e que se os produtos atuais perdessem efetividade o problema seria ainda maior. “Na maioria das vezes o agricultor não enxerga isso como sendo um desafio dele. Acreditam que o problema é de outra parte da cadeia, das indústrias. As ferramentas existentes no mercado precisam ser muito bem protegidas, porque em um horizonte de 5 a 7 anos não existe previsão de novos produtos. Imagine se as opções existentes perdessem a sua eficácia”, alerta Batistela.

Para tentar minimizar este sério problema, o executivo não defende a rotação de produtos químicos apenas, como é comum ouvir, ele defende o manejo adequado e integrado. “O manejo é fundamental. Porque não é só o controle químico que vai resolver o problema, nem só o vazio sanitário, ou variedades de ciclo mais curto, ou mesmo o uso exclusivo de técnicas naturais, mas sim a combinação de todas estas ferramentas”, afirma Batistela, que relembra inclusive que pensando nisso a Basf adquiriu, em 2012, a aquisição global da Becker Underwood, especializada em produtos nas áreas de proteção biológica de cultivos. “Fizemos a aquisição de uma grande empresa líder mundial de biológicos, criando plataformas para integrar estes três elementos fundamentais biológicos, químicos e biotecnologias, em um manejo organizado nas diferentes culturas para o agricultor.”

Ele acredita que o Brasil já está atrasado no quesito de integração de técnicas e produtos biológicos com os químicos. Esta integração foi sugerida por especialistas nos Fóruns Soja Brasil desta safra. Em uma destas oportunidades, durante sua palestra, o pesquisador da Embrapa Éder Martins, comentou que o Brasil possui solos muito pobres de nutrientes, por serem bastante explorados pela agricultura e também porque, em geral, são muito lixiviados. Uma ajuda biológica sugerida naquele dia são os remineralizadores, ou como são popularmente conhecidos, o pó de rocha, que se trata de uma rocha moída e peneirada que tem a função de melhorar a qualidade física e química do solo. Martins aproveitou a palestra para reiterar que a rochagem não vem para substituir os fertilizantes químicos, mas para complementar, reduzindo os custos. “Eu diria que já é tarde para começarmos a pensar na integração de produtos biológicos com químicos, pois acreditamos que a agricultura do futuro só terá sucesso se houver isso”, garante Batistela.

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Na soja, já existe uma combinação mais clara entre as biotecnologias, os químicos, e os biológicos, os inoculantes. “Esta é uma realidade que queremos intensificar cada vez mais”, diz o diretor da Basf.

Para que tudo isso se torne uma realidade a empresa aposta em parcerias para que este conhecimento chegue até o produtor rural, entre elas o Projeto Soja Brasil. Outros recursos são os programas de capacitação, as ferramentas digitais e os aplicativos para celular. “Hoje a ferramenta digital é um facilitador. Estamos incentivando também as startups a olharem para o campo, que tem boas oportunidades para desenvolvimento de tecnologias, com aplicativos, como o Agrodetecta, por exemplo”, afirma o diretor da Basf.

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