Um helicóptero sobrevoou a área. Um dos poucos sinais da movimentação de polícia no local nesta terça. Com a situação tranquila, os manifestantes tiveram tempo até para tocar músicas.
De acordo com o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), assim tem ocorrido a ocupação da fazenda Santo Henrique. Nenhum incidente como em 2009, quando houve a destruição de pés de laranja na propriedade. Neste segundo dia da ocupação, funcionários da Cutrale foram impedidos de entrar no local. Só os que residem em casas na fazenda puderam permanecer. O movimento calcula que só na região existem cerca de mil famílias para serem assentadas, e cerca de 200 estão aqui. São quase 450 pessoas.
? Nossa jornada tem prazo para começar e não tem prazo pra acabar. Então, a gente quer uma resposta urgente do governo federal em relação a toda a pauta da reforma agrária. Que o governo federal dê prioridade à reforma agrária. Que coloque na sua pauta política a urgência de se fazer uma reforma agrária no Brasil ? disse Ricardo Barbosa, integrante do MST.
Segundo o Incra, essas terras faziam parte de um projeto de colonização iniciado pelo governo em 1910 e foram ocupadas irregularmente ao longo dos anos. Na Justiça, a discussão sobre a posse da terra teve uma vitória para o órgão federal, e outra para a Cutrale, em segunda instância. O Incra alega que tentou sem sucesso um acordo com a empresa e afirma que o governo federal deve mover uma nova ação judicial.
A Cutrale se defende. A empresa alega ter provado que a propriedade da fazenda Santo Henrique é legítima e informa que está pedindo a reintegração de posse. O MST discorda e reivindica o local para assentamento.
? Não basta só o reconhecimento, não basta só dizer que é pública, isso a gente já sabe, a gente tem vários documentos e estudos que comprovam que são terras públicas. A gente quer uma resposta concreta. É pública? É. Então o que é que a gente vai fazer para desapropriar esse latifúndio. A única garantia que a gente tem é que nós vamos fazer muita luta para que se agilize isso ? declarou Ricardo Barbosa, integrante do MST.