Inteligência logística eleva competitividade da agropecuária

A Embrapa criou um plano com modelos logísticos para melhorar o escoamento de grãos do país

É possível descentralizar o escoamento da produção agropecuária no Brasil, segundo a Embrapa. A empresa apresentou um plano que envolve obras e modelos logísticos que podem elevar em até 35% a competitividade do agronegócio no país.

O sistema tem como principal desafio direcionar o escoamento da produção aos portos da região Norte do país. Atualmente, Santos e Paranaguá embarcaram juntos mais da metade dos grãos e farelos produzidos no país em 2015. A ideia da Embrapa é convencer o governo federal e a iniciativa privada da importância dos portos do Norte para aumento da competitividade do agronegócio brasileiro.

As propostas da primeira etapa já foram apresentadas a entidades do agronegócio. O estudo aponta que um modelo de eficiência logística aumentaria em mais de 30% o potencial competitivo internacional de diferentes cadeias produtivas. Um dos casos seria o do algodão, que tem perdido mercado para outros países. “Em torno de 15% a 20% do custo de produzir e entregar o algodão no destino é logístico, principalmente insumos e sementes. Isto é um peso muito grande na planilha do custo de produção”, analisa o diretor executivo da Abrapa, Márcio Portocarrero.

Em 2015, o Brasil produziu 198 milhões de toneladas de grãos e farelos, sendo que 100 milhões são destinados à exportação e foram mapeados por pesquisadores do grupo de inteligência territorial estratégica da Embrapa. Nos dez principais portos brasileiros, o estudo concluiu que 47% do volume chegou por ferrovias, 42% por rodovias, e pouco mais de 10% por hidrovias. “Algumas regiões, mais para oeste de Mato Grosso, sobem com a safra e se aproximam dos Estados Unidos e da Europa, reduzindo os trâmite e o trajeto pra chegar”, conta o chefe da Embrapa monitoramento por satélite, Evaristo de Miranda.

Em Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, a Aprosoja estima que o frete representa atualmente pelo menos 20% do custo da saca. “As propostas são possíveis. Agora, nós brasileiros funcionamos com pressão e aí que nós precisamos das federações, dos sindicatos. A sociedade civil tem que entender qual é o nosso projeto de Brasil, o que nós queremos para o Brasil e pressionar para que as coisas ocorram e não largar na mão dos projetos”, afirma o presidente da Aprosoja, Marcos da Rosa.