Agricultura

Deputados acionam MP para investigar professor que repreendeu aluno por defender agro

Frederico d'Avila e Gil Diniz afirmam que estão ingressando com representação contra o professor que “apelou para carteirada curricular” contra estudante

O deputado estadual de São Paulo Frederico d’Avila (PL) divulgou nas redes sociais que ele e o deputado Gil Diniz (PL) acionaram o Ministério Público contra o Messias Basques, professor do colégio Avenues que repreendeu o aluno Vittorio Furlan Vieira quando este defendeu o agronegócio durante palestra.

“Junto do deputado Gil Diniz, estou ingressando com uma representação no Ministério Público contra este militante travestido de ‘professor’, que humilhou um aluno perante centenas de outros, durante uma palestra de Sônia Guajajara, na escola Avenues São Paulo, na qual a psolista revolucionária reverberou as mesmas mentiras de sempre sobre o nosso agro. Não sabendo responder os fatos enunciados pelo aluno, o pretenso professor, que julga-se tão superior, teve que apelar para a famosa ‘carteirada curricular’ ”, escreveu Frederico d’Avila.

Na mensagem, o deputado também postou um vídeo em que ele fala sobre o episódio na tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo.

“O que mais tem em São Paulo é rico bobo. Rico bobo é aquele que paga uma fortuna para ter seus filhos transformados em militantes”, afirmou D’Avila. “Ele [o professor] é mais um militante que foi concebido nas universidades brasileiras. Não há fim de transmitir conhecimento, mas de transmitir ideologia e doutrinação para as crianças”, disse. O deputado também escreveu em seu perfil do Instagram sobre o episódio.

Assista:

Nas redes sociais, o deputado Gil Diniz também se manifestou.

Entrevista

Nesta quarta-feira (6), o estudante Vittorio Furlan Vieira, de 18 anos, falou com exclusividade ao Canal Rural sobre o episódio em que foi repreendido pelo professor, depois de defender o agronegócio durante palestra da líder indígena Sonia Guajajara. Confira.

Entenda o caso

Durante palestra de Sonia Guajajara, realizada na escola Avenues, o estudante Vittorio Furlan Vieira, que participava do debate, foi repreendido pelo professor Messias Basques, após fazer questionamentos sobre críticas feitas por ela ao agronegócio brasileiro sobre distribuição de terras e uso de defensivos agrícolas.

Na ocasião, o professor se antecipou a Sônia Guajajara e repreendeu o estudante sobre os questionamentos.

“…Não tenho opinião, sou especialista em Harvard. No dia em que você quiser discutir com a gente, traga o seu diploma e a sua opinião fundamentada em ciência, aí você discute com um especialista em Harvard”, teria dito o professor.

Um vídeo com o questionamento do aluno e a resposta do professor circulou nas redes sociais.

Repercussão

A atitude do professor gerou desagrado em uma das principais entidades do setor agropecuário. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), disse, em comunicado, que repudia a atitude do professor, que segundo a entidade, foi constrangedora.

“Uma das premissas básicas de um ambiente escolar é a pluralidade de opiniões. Professores e educadores precisam estar preparados para a diversidade de ideias na sala de aula. Só assim a escola conseguirá formar cidadãos que saibam conviver em um ambiente democrático e com espírito de coletividade”, diz o comunicado da CNA.

O sistema Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo/Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Faesp/Senar-SP) emitiu nota repudiando a atitude do professor da Avenues em relação ao aluno, qualificando-a de “desrespeitosa”. “O professor deveria se atualizar sobre o fato de que a agropecuária brasileira utiliza amplamente o que existe de mais avançado em ciência no mundo. O resultado são os altos índices de produtividade no campo, tornando o país um dos celeiros do planeta”, diz o texto.

Escola se pronuncia

Atendendo aos questionamentos feitos pelo Canal Rural, a escola Avenues disse que a discussão ocorreu na semana passada e que tanto aluno, quanto professor, agiram de maneira inadequada.
“Durante o momento reservado a perguntas no evento da semana passada, um aluno discordou da sra. Guajajara de maneira desrespeitosa. Em seguida, um professor corrigiu o aluno de uma maneira que também foi inapropriada. Além disso, um aluno gravou a sessão sem autorização, e um trecho foi divulgado publicamente fora da nossa comunidade. Na Avenues, quando ocorre um conflito, trabalhamos diretamente com as partes envolvidas, de maneira reservada, para aprendermos juntos e nos respeitarmos. Infelizmente, essa questão veio a público de forma imprópria, e agora se torna necessário esclarecer os eventos”, disse a escola, em nota.

A escola ainda ressalta que a presença da líder indígena foi aprovada pela equipe da Avenues, pois a presença dela complementa os estudos da instituição sobre pegada ambiental e aumenta a visibilidade de lideranças femininas.

“Reconhecemos que sempre haverá opiniões diversas e trabalhamos para criar um espaço seguro onde cada membro da nossa comunidade possa explorar esses pontos de vista e chegar a um lugar de entendimento de maneira respeitosa. Somos gratos por vocês terem confiado a educação de seus filhos. Agora, agradeço sua confiança para que possamos resolver situações complexas da melhor forma possível”, complementa a escola.

O Canal Rural entrou em contato com o professor Messias Basques e com Sônia Guajajara, mas não obteve resposta até o momento. O espaço permanece aberto.

Ministério Público de São Paulo
Foto: MPSP/Ascom