Investimentos na Vale e na Petrobras feitos com recursos do FGTS encolhem R$ 1,6 bi em 2011

Compra de ações das empresas com renda do Fundo foi possível em 2000O patrimônio dos trabalhadores que têm parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em ações da Petrobras e da Vale encolheu R$ 1,6 bilhão este ano. Segundo especialistas, a ingerência do governo na administração das duas empresas nos últimos meses afugentou investidores e seria o principal motivo para a desvalorização dos papéis.

De janeiro até o último dia 20, o patrimônio líquido dos fundos FGTS aplicado em ações da Petrobras diminuiu de R$ 5,5 bilhões para R$ 4,9 bilhões, uma queda de 10,5%. O da Vale encolheu de quase R$ 6 bilhões para R$ 5 bilhões, redução de 10,8%. O levantamento foi feito pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

? Não foi a única razão, mas a interferência política é o principal fator para a queda desses papéis. No caso da Vale, a troca forçada do presidente da empresa gerou medo de mais ingerência do governo. Em relação à Petrobras, essa ingerência é escancarada ? afirma o analista chefe da corretora SLW, Pedro Galdi.

O ex-presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos, economista Arminio Fraga, lembra que o mercado passou por uma fase de correção de preços.

? Nesses momentos os mercados geralmente se assustam. E os episódios da Vale e da Petrobras não foram bons. É só ver os relatórios dos analistas, que mostraram receio desse tipo de intervenção ? disse Fraga.

Apesar das perdas, quem aplicou o FGTS em Petrobras e Vale e ainda não resgatou, fez um ótimo negócio. De acordo com cálculos do Instituto FGTS Fácil, de agosto de 2000, quando foram vendidas, até o último dia 19, as ações da Petrobras renderam 519%. No mesmo período, o rendimento do FGTS tradicional, que paga a Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano, foi de 70%. Os papéis da Vale, negociados em fevereiro de 2002, subiram 970% até o último dia 19. No período, o FGTS rendeu 56%.