Ipea alerta para falta de estrutura nas rodovias

Agricultura é uma das áreas mais prejudicadas pelas más condições das estradasNovo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) volta a alertar para o risco de uma colapso na setor agrícola por falta de estrutura para escoar a produção. O levantamento aponta a agricultura como uma das áreas mais prejudicadas pelas más condições das rodovias.

É pelas rodovias que mais de 70% da produção brasileira é transportada. Com o fluxo e o excesso de peso, o asfalto não resiste. Aparecem os buracos, as ondulações. E um rombo no bolso do produtor. Quanto pior a estrada, maior o preço do frete. Na região Norte, o valor é 40% mais caro do que se as rodovias estivessem em boas condições. No sul do país o problema é menor, mesmo assim aumenta 19%.

Nas estradas sob responsabilidade da iniciativa privada o custo aumenta por outro motivo. Cada caminhão de soja que sai de Mato Grosso paga, em média, R$ 576,00 de pedágio até chegar ao Porto de Santos.

A projeção é de que a safra de grãos volte a dobrar nos próximos 15 anos, atingindo 262 milhões de toneladas. Utilizar as estradas com pedágio será inevitável. O problema é que o atual modelo não permite que os concessionários construam novos trechos ou dupliquem os já existentes – o que, segundo os pesquisadores, pode levar ao estrangulamento do setor agrícola por falta de transporte.

Hoje os contratos são em geral de 25 anos e a escolha da empresa é feita pela menor tarifa. A sugestão do Ipea é definir a concessionária pelas melhorias que pretende fazer com o menor valor possível, sem um prazo definido.

? Os contratos devem prever esse crescimento do fluxo de cargas e veículos ao longo dos anos e devem colocar isso no seu projeto de investimentos e também trabalhar com o valor presente das receitas. Quando a receita se igualar às despesas, o contrato se encerra ? explica o pesquisador do instituto, Carlos Sampaio.

O levantamento do Ipea reforça ainda que os recursos públicos não são suficientes. Apenas 13% das obras necessárias para qualificar as estradas foram incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).