No segundo trimestre, o crescimento deve chegar a 1,6%; no terceiro, a 2,5%; e no quarto, a 3,1%. Com esses resultados, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e riquezas produzidos no país) deve acumular 2% neste ano.
Um dos fatores que influenciaram a expectativa do Ipea foi a Selic, atualmente em 11,25%, com seus efeitos defasados da política monetária de redução da taxa de juros básicas da economia, mas que poderá ampliar o crédito e a redução na ponta ao consumidor.
? Não acho nada inexeqüível [o crescimento de 2%]. Eu discordo completamente de todas as análises que tenho visto, e tenho lido bastante. Pode ser até que aconteça queda de 4%, mas não em função do que estão argumentando e dentro das condições que temos hoje ? disse João Sicsú, diretor do Ipea.
As projeções do Ipea foram condicionadas também à hipótese de que o pior da crise financeira internacional já foi superado e de que, além da redução dos juros, foi levado em consideração o aumento real do salário mínimo, atualmente em R$ 465, com a ampliação do valor dos benefícios da Previdência Social, e a recomposição de seus valores.
De acordo com a análise do Ipea, outros fatores que devem influenciar no crescimento são a expansão dos créditos direcionados pelo governo (linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e Banco do Brasil, por exemplo, destinadas ao desenvolvimento de um setor) e o consumo da administração pública.
Os economistas do instituto também levaram em consideração a existência de mais de 1,3 milhão de famílias atendidas pelo programa Bolsa Família, o lançamento, nesta quarta, do Programa Habitacional do governo, o aumento da renda disponível, devido à criação de duas novas alíquotas do Imposto de Renda Pessoa Física e o aumento dos investimentos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O saldo negativo em transações correntes também seria menor nas projeções do Ipea e ficaria entre US$ 25 bilhões e US$ 18 bilhões. O déficit menor do que o resultado de 2008, de US$ 28,3 bilhões. Esse item das contas externas representa a balança comercial, a conta de serviços e das transferências unilaterais do país.
? Acho razoável um déficit com essa margem, dado que se espera crescimento 2% [do PIB]. A balança comercial vai melhorar um pouquinho em função do que estava acontecendo nos últimos 12 meses e do nível de atividade que vai exigir mais exportações do que importações ? afirmou Sicsú.
Quanto à inflação, o Ipea estima em 3,7% a 4,7% a taxa medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), não descartando um índice abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5%. O índice foi projetado levando-se em conta o desaquecimento da atividade econômica. O Ipea não divulgou estimativas para as taxas de juros e o câmbio.