O setor produtivo, temia prejuízos com uma possível manutenção da isenção da TEC. O Ministério da Agricultura havia justificado a decisão pela falta do grão para abastecer o Nordeste. A decisão da Camex, de não prorrogar a medida, considerou a estimativa de uma safra brasileira recorde de trigo, 33% superior à passada. A TEC do trigo foi bastante criticada, principalmente pelos produtores gaúchos, já que 850 mil toneladas do último plantio não haviam sido comercializadas e sofreriam com a concorrência do produto importado.
Os triticultores do Rio Grande do Sul e do Paraná, que são os Estados líderes na produção, estão na expectativa para os rumos da comercialização desta safra. O Brasil deve colher 7,5 milhões de toneladas, sendo que 3,1 milhões serão produzidas no Rio Grande do Sul. O Paraná já começou a colher e estima uma safra recorde de 4 milhões de toneladas. Com isso, os preços, que já estão em patamares baixos para os triticultores gaúchos, podem cair ainda mais.
O valor médio na última semana registrou queda de 1,45%, chegando a R$ 27,92 a saca de 60 quilos. O preço é 22% inferior ao da mesma época do ano passado, quando cada saca era vendida a R$ 35,89.
– Se com a frustação do Paraná no ano passado ainda temos 400 mil toneladas de trigo no Rio Grande do Sul, imagina termos uma safra recorde no Paraná e ainda a repetição da safra passada no Rio Grande do Sul. Então, nós estamos nos antecipando e negociando junto ao governo federal mecanismos de comercialização – destaca o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS), Paulo Pires.
Pires acredita que aquisições do governo federal e contratos de opção poderiam ajudar. Ele afirma que as chuvas que caíram no Estado no início do plantio não chegaram a comprometer a safra.
Apesar do prazo da retirada da TEC encerrar essa semana, a redução de ICMS concedida pelo governo estadual para vendas interestaduais do produto gaúcho também termina. O setor reivindica a prorrogação do desconto, que baixou de 8% para 2%. A Federação Gaúcha da Agricultura (Farsul) já solicitou ao governo para que o benefício permaneça com a inclusão de Paraná e Santa Catarina.
– Estamos aguardando posições e vamos ver como se comporta a colheita do Paraná. Vamos ver se sobra alguma coisa para o Rio Grande do Sul – aponta o presidente da Farsul, Carlos Sperotto.
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