Mato Grosso, maior produtor de soja do país, já foi berço de oportunidades mesmo para quem não sabia cultivar a terra. Nos últimos 30 anos, com disposição para o trabalho, os pioneiros mudaram o perfil da economia do Estado, a balança comercial e a própria sorte ao investir na terra.
Na década de 80, José Cazzeta, então com 29 anos e pai de dois filhos pequenos, deixou o interior do Paraná para apostar no sonho de conhecer o Centro-Oeste. Desempregado, não dominava a lida do campo até começar a trabalhar como empregado, executando serviços gerais na zona rural. No início, Cazzeta chegou a trabalhar 36 horas seguidas.
Pioneiros em Diamantino, no Médio Norte do Estado, homens como ele fizeram parte do processo de transformação do cerrado em lavouras. No fim da década de 80, Cazzeta teve a chance de cultivar sua primeira plantação, quando precisou vender o carro para comprar as sementes.
Em dez anos, o produtor se firmou na agricultura. Com arrendamento, passou do arroz para a soja e o milho. Conseguiu adquirir algumas cabeças de gado e uma área própria, vendendo e comprando terras que estavam em franca valorização. Vinte anos depois, veio o primeiro revés na vida do produtor: associado a uma cooperativa, perdeu milhares de sacas de soja, que representavam dinheiro suficiente para comprar a fazenda própria para a agricultura.
Com trabalho constante na terra, força de vontade e apoio da família, o agricultor retomou a atividade no campo praticamente do zero. E teve sucesso. Os anos de prática e as novas tecnologias ajudaram na virada econômica e social da família.
Enquanto o pai cuida da comercialização, hoje, o filho Reginaldo Cazzeta é seu braço no campo, afinal, são 2.200 hectares de plantação de milho. A safrinha deste ano chegou a render 160 sacas por hectare. Graças à persistência na agricultura, a família, que chegou a estar falida, gera emprego e renda, desfruta de uma vida confortável e se apoia nas lições do patriarca para seguir adiante na agropecuária.