– Estamos tentando criar espaços de interlocução com a sociedade para quebrar o monopólio de alguns governos específicos, como acontecia nos últimos anos -, disse Graziano em um evento do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Rio Grande do Sul, que abriu a programação do FST. Esse foi o primeiro pronunciamento de Graziano no Brasil depois de assumir o comando da agência da ONU.
O diretor-geral destacou a criação do Conselho de Segurança Alimentar da FAO, que inclui representantes da sociedade civil e do setor privado, como exemplo de interlocução com a sociedade no combate à fome. Segundo Graziano, o orçamento anual da FAO, de cerca de US$ 1 bilhão, é pequeno diante do desafio de ajudar 1 bilhão de pessoas que passam fome no mundo.
De acordo com ele, a FAO é uma agência de cooperação técnica, que tem de ajudar a difundir boas experiências e colocar assistência técnica à disposição. A meta é priorizar o orçamento para ações de segurança alimentar e reduzir gastos com a burocracia interna da entidade.
Pacto para 2015
Ao tratar do Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de reduzir a fome à metade até 2015, Graziano disse que a meta é insuficiente, porque ainda deixa vulnerável metade da população atual de famintos, mas que o compromisso pode ser o primeiro passo para erradicar o problema.
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– Temos que impulsionar a meta do milênio, 2015 é um deadline muito importante. Mas como explicar para a outra metade que passa fome que a situação não vai mudar? Não é possível conviver com 500 milhões de pessoas passando fome. Nossa meta é erradicar a fome, mas o objetivo nos impõe um desafio -, avaliou.
Países que já conseguiram cumprir a meta, como o Brasil, tem o dever de ajudar nações com índices drásticos de insegurança alimentar, na avaliação de Graziano. Entre as medidas de apoio, o diretor-geral defendeu o fortalecimento e a expansão da atuação internacional da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Fórum Social Temático
O Fórum Social Temático, que iniciou nesta terça e se estende até o próximo domingo, dia 29, em Porto Alegre e em cidades da Região Metropolitana da Capital, é ligado ao Fórum Social Mundial – criado na capital gaúcha em 2001 em contraponto ao Fórum Econômico de Davos. O FST deverá ser uma prévia da Cúpula dos Povos, encontro de movimentos sociais paralelo à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio Mais 20, que acontece em junho.
Entre os destaques da programação está a vinda da presidente Dilma Rousseff na quinta, dia 26. Dilma deve defender medidas anticrise e discutir as políticas de enfrentamento da pobreza. Além da chefe de Estado, outros sete ministros irão ao Rio Grande do Sul, entre eles, o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho.
