>>Assista a primeira reportagem da série Novo Campo:Cerca de 15% dos idosos do país vivem no meio rural
O produtor Hermes Isoton conta que em 1958 mudou-se para o Núcleo Rural Taquara, no Distrito Federal. Na época, seu filho Juliano Isoton tinha dois anos. Hermes conta que o filho cresceu junto com a propriedade que, hoje, possui 500 hectares de área plantada.
– Meu filho resolveu estudar agronomia. Dei muita força para ele seguir na carreira – diz Hermes.
A formação acadêmica foi fundamental para que o jovem permanecesse no campo junto com o pai.
– O filho é tudo o que cara tem, no caso. Então, se você não investir nele, você vai investir em quem? Invista nele e continue tocando o negócio com ele – disse Juliano.
– Valeu à pena. Hoje ele está aqui, tocando a fazenda comigo – comemora Hermes.
Investir na formação dos filhos é uma forma de garantir a sucessão das propriedades na família. Esse é um dos motivos que justificam o crescimento expressivo na procura por cursos universitários voltados para o setor. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), num período de 20 anos, entre 1991 e 2011, o número total de matrículas nas áreas de produção agrícola e pecuária cresceu 231% em todo o país. A cada ano surgem novos cursos para atender o mercado do agronegócio.
Cursos como Agroecologia, Agropecuária, Manejo da Produção Agrícola e de Produção Animal e Tecnologia em Agronegócio não existiam na década 90. Hoje, são 118 em todo o Brasil. Já as tradicionais graduações em Agronomia, Agroindústria e Zootecnia atraem cada vez mais estudantes.
– O perfil do estudante vem mudando. Os alunos que estão ingressando nos cursos ligados ao agro, a maior parte vêm do meio urbano, ou seja, nunca teve conhecimento com o mundo rural. Isso faz com que o professor tenha um desafio ainda maior, que é ensinar tudo para eles. Não é apenas a engenharia agrônoma, existem outros cursos ligados ao agro que despertam atenção dos candidatos, como metereologia e biologia – diz o coordenador do curso de Engenharia Agrônoma da USP, José Otávio Menten.
– Nós avançamos muito em número de cursos ofertados, a grande expansão que tivemos no ensino superior brasileiro das instituições públicas e federais, institutos federais e também no setor privado. E também a quantidade de alunos voltados para esses cursos. Existe um interesse muito grande. Ou seja, vários jovens buscam os cursos na área de ciências agrária, evidentemente, observando o potencial que o país tem – destaca o presidente do Inep, Luiz Claudio Costa.