Diferenças como essa saltam aos olhos dos jovens que participam do 2º Intercâmbio dos Jovens Rurais Brasileiros, que está sendo realizado no segundo semestre deste ano. Treze Estados integrarem a experiência, desenvolvida pelo Centro de Desenvolvimento do Jovem Rural (Cedejor), em Rio Pardo (RS).
? De alguma forma, tentamos reduzir essa diferença. Os jovens vivenciam outras realidades, trocam experiências e buscam melhores condições de vida para que haja sucessão no campo ? diz o coordenador educacional do Cedejor, Leomar Fernando Mattia.
Observando os participantes do intercâmbio, Mattia ressalta que os objetivos dos jovens que vivem no campo e na cidade não diferem: todos querem acesso à informática e a bens de consumo, mas as ofertas no campo são mais restritas do que na cidade.
Apesar disso, a troca de experiências pode apresentar alternativas e apontar caminhos. Foi do técnico agrícola Édpo do Nascimento Ferreira, 20 anos, por exemplo, a constatação de o quanto era diferente o uso da cana em seu Estado, o Espírito Santo, e no Rio Grande do Sul, onde esteve até a semana passada com outros dois jovens. Atuando na Secretaria Municipal de Agricultura de Itapemirim, ficou cheio de idéias ao se hospedar em uma propriedade produtora de melado e açúcar mascavo, subprodutos da cana, monocultura predominante em sua região.
? Lá, vai tudo para uma usina de álcool, que paga só R$ 30 a tonelada. Vamos trocar informações pela internet para dar andamento ao projeto que temos de montar uma miniusina de açúcar mascavo ? planeja Édpo.
O baiano Edinael Reis Lima, 24 anos, que ajuda os pais e oito irmãos na agricultura de subsistência, conheceu propriedades com criação de aves e suínos, comuns no Rio Grande do Sul e mais raras na Bahia. Se os programas de financiamento fossem menos burocráticos, acredita, novos projetos no setor poderiam contemplar sua família.
Foi por alternativas de lazer que a intercambista Vanderleia do Carmo Zucoloto Mozer, 25 anos, se interessou. Também do Espírito Santo, ela trabalha numa agroindústria de produção de mariola e ficou impressionada com as Olimpíadas Rurais de Tunas, com jogos que lembram o trabalho no campo.
? O jovem rural não se diferencia do urbano. Ambos querem opções de lazer, entretenimento, estudo, trabalho e renda ? diz Fernando Mattia.