A CNA segue firme no propósito de ampliar as vendas dos produtos brasileiros para a China, que é o principal país que adquire produtos agrícolas. A senhora tenta fazer com que grupos de churrascarias também passem a atuar no mercado chinês?
Nós queremos com essa estratégia não só aumentar as nossas exportações e o consumo da carne naquele país. Nós queremos vitrines especiais instaladas na China, para que o povo chinês conheça a qualidade da carne brasileira, o sabor, e, principalmente, uma nova forma de comer carne, que é assada. Essas churrascarias deverão ser churrascarias de rodízio. E duas missões já estão organizadas com grupos diferentes para irem até a China, para fazerem estudos de viabilidade e plano de negócios.
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E o café: a previsão não é boa para o próximo ano, de redução dos preços. Há possibilidade também de abrir cafeterias na China?
O especial na China é que é um mercado novo que se abre. Então, o Brasil não vai vender café pra China no lugar de outro que está vendendo. A China não consome café. São três xícaras de café por ano por chinês. O nosso desafio é fazer eles beberem 10 xícaras por ano. Já é muita coisa pra tanta gente, 1,3 bilhão de pessoas. Mas nós queremos estar lá, porque a consumo de café na China está crescendo de 12 a 15% ao ano, e só não dá um volume grande porque eles bebem muito pouco. Nós queremos estar lá para acompanhar essa evolução, que é adoção de um hábito ocidental, especialmente pelos jovens de 18 a 35 anos, que estão bebendo café e gostando muito. Precisamos que o café brasileiro chegue à Ásia, porque é um aumento forte de consumo e poderemos definitivamente resolver os problemas de competitividade que o Brasil tem com relação à questão de mão-de-obra por conta dos encargos trabalhistas.
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2013 foi um bom ano para o agronegócio?
Foi um ano excepcional, mas nem por isso nós queremos que os nossos produtores tirem o pé do chão. Mas nós precisamos de cautela, observar o mercado internacional. A China tem boas perspectivas, os Estados Unidos estão melhorando o seu consumo. A Europa ainda não. Então, a cautela é sempre exigida numa atividade tão sensível como o agronegócio. Dificilmente em 2014 nós repetiremos os números tão estrondosos de 2013. Mas, se mantivermos os números, estamos satisfeitos. A tendência dos produtores, normalmente, é aumentar muito a produção quando um ano é muito bom.
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A questão indígena é uma pendência que fica para o próximo ano?
Infelizmente, ainda é uma pendência, mas que eu não gostaria de esperar para o próximo ano. Eu ainda acredito que o trabalho das entidades, congressos, com relação à publicação da Portaria 303 que vai pacificar o campo. Ela traz as condicionantes de Raposa Serra do Sol julgadas por unanimidade no Supremo Tribunal Federal, dando as regras de como se fazer para demarcar novas áreas indígenas. É só disso que nós precisamos. Nós precisamos de um marco e isso já foi definido pela Justiça brasileira.
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Dificuldade por parte dos Estados para liberação de licenciamentos ambientais para construção de armazém.
Nós pretendemos ter um diálogo em fevereiro do próximo ano com a ministra do Meio Ambiente [Izabella Teixeira]. Foi ideia dela própria, de trazermos todos os Estados, secretários, presidentes de institutos de licenciamento ambiental nos Estados para falar sobre as nossas dificuldades, do que está travando a produção na base. E onde podemos normatizar, respeitando o pacto federativo, autonomia dos Estados, governadores, municípios, mas no sentido de ajudar, fazer uma força-tarefa para que o meio ambiente seja preservado, mas sem burocracia, dificuldades porque isso também afasta o investimento daqueles Estados que apertam demais na burocracia e no excesso.